Zahi Hawass
Messi será o nome do homem nobre retratado na estátua, datada da V dinastia egípcia. A estátua é única por misturar vários estilos.
Os arqueólogos descobriram uma estátua funerária rara e “incomparável” na necrópole de Saqqara, no Egito, representando um nobre ao lado do que parecem ser a sua mulher e filha.
A escultura em calcário, com pouco mais de 103 centímetros de altura, remonta à V dinastia (cerca de 2465–2323 a.C.), período marcado pela construção das grandes pirâmides egípcias.
A figura central mostra o nobre com a perna esquerda estendida para a frente, um símbolo tradicional de juventude e vitalidade na arte egípcia. Ao seu lado, uma mulher mais pequena, ajoelhada — provavelmente a sua esposa — agarra-se à sua perna direita. Atrás da pata esquerda, uma menina, presumivelmente a sua filha, segura um ganso com o bico aberto como se estivesse a grasnar.
A estátua foi desenterrada em 2021, perto de uma porta falsa com a inscrição “Messi”, segundo Zahi Hawass, antigo ministro das antiguidades do Egito e coautor do estudo publicado em maio no The Journal of Egyptian Archaeology. Para quem acha que a inscrição de Messi seria uma premonição milenar sobre o jogador de futebol argentino, tudo parece não passar de uma coincidência, já que os investigadores acreditam que “Messi” seria o nome do nobre. As portas falsas eram comuns nos túmulos, acreditando-se que permitiam ao espírito mover-se entre o mundo dos vivos e a vida após a morte.
“A estátua pode simbolizar uma ligação com a família, sugerindo que se reuniriam no além, tal como fizeram em vida”, explicou Hawass. O ganso da filha, acrescentou, reflete cenas da vida quotidiana frequentemente esculpidas nas paredes dos túmulos, enfatizando ainda mais a continuidade entre a existência terrena e a eternidade.
Um aspeto marcante da descoberta é a sua abordagem artística. Enquanto o nobre e a sua esposa são esculpidos totalmente em relevo, a filha é mostrada em alto relevo, fixada na superfície atrás da perna do homem. Esta mistura de duas tradições escultóricas num único monumento é altamente invulgar para o Império Antigo.
Os tamanhos desproporcionais das figuras também refletem normas culturais. Na arte egípcia antiga, o tamanho denotava frequentemente estatuto: os governantes e os donos de túmulos eram retratados como significativamente maiores do que os seus parentes ou assistentes.
“A descoberta desta estátua é incomparável no campo da arte egípcia”, disse Hawass, citado pelo Live Science. “Destaca-se de outras estátuas familiares conhecidas do período, tornando-a uma obra-prima única de inovação.”