As empresas europeias estão a enfrentar um novo ciclo de incerteza económica, pressionadas por tensões comerciais globais, cadeias de abastecimento perturbadas e o regresso de políticas protecionistas, especialmente nos Estados Unidos.
O alerta é dado no mais recente relatório da Intrum, Economy in Focus #14: Bracing for Impact – Europe in a New Trade Era, que destaca o impacto crescente destas dinâmicas na tesouraria e estabilidade financeira do tecido empresarial europeu.
Segundo o estudo, a reintrodução de tarifas elevadas e a instabilidade geopolítica estão a penalizar significativamente a economia europeia, criando desafios acrescidos para empresas de países como Alemanha, Itália, Reino Unido e Irlanda — os mais expostos aos efeitos diretos destas políticas comerciais. Já as nações da Europa Central e de Leste, como a Chéquia e a Hungria, enfrentam riscos indiretos devido à sua dependência das exportações e da integração nas cadeias de valor da Europa Ocidental.
O relatório surge dias depois de a União Europeia e os EUA terem acordado uma taxa de 15% sobre produtos europeus, numa tentativa de limitar os efeitos negativos do conflito comercial. Ainda assim, os setores automóvel, farmacêutico e manufatureiro mantêm-se entre os mais vulneráveis às novas restrições.
A Intrum delineia dois cenários possíveis para os próximos meses:
- Cenário base: uma desescalada gradual das tensões, com retaliações limitadas e tarifas em níveis geríveis, permitindo uma recuperação económica moderada.
- Cenário negativo: uma escalada para uma guerra comercial em larga escala, com tarifas mais elevadas, forte recessão, aumento do desemprego e crescimento dos incumprimentos.
O relatório sublinha ainda que, mesmo num cenário mais otimista, as empresas europeias dificilmente verão melhorias significativas no curto prazo. A perspetiva para 2025 dependerá em larga medida das decisões políticas nos Estados Unidos e da resposta dos principais blocos económicos globais.
A crise poderá agravar-se com o aumento dos atrasos nos pagamentos e das falências, sobretudo entre as PME mais fragilizadas desde a pandemia. A liquidez das empresas estará sob pressão, num contexto em que os bancos poderão restringir o crédito, levando a um aumento dos créditos malparados (NPLs).
Face a este panorama, os decisores políticos e os bancos centrais enfrentam o desafio de equilibrar medidas de curto prazo com reformas estruturais, procurando apoiar o crescimento económico sem descurar o controlo da inflação.