Decreto de grão-mestre avisa que “irmão” violou segredo maçónico. Nomes das duas candidatas estão afixados num local de acesso reservado aos maçons e prometem ser as primeiras a entrar na mais influente obediência que até agora era reservado aos homens

Há um novo episódio na polémica que se instalou na mais influente maçonaria do país com a iminente entrada de mulheres: um maçon acaba de ser suspenso por ter divulgado o nome e imagens das duas mulheres que se preparam para ser iniciadas em breve. Os seus nomes estão já afixados num local de acesso restrito no Palácio Maçónico, onde ficam 20 dias, como mandam as regras, antes de qualquer membro ser iniciado no Grande Oriente Lusitano.

Num decreto assinado esta sexta-feira, 3 de outubro, pelo grão-mestre, Fernando Cabecinha, a que a CNN Portugal teve acesso, é explicado que o “irmão” Luís Maia divulgou no dia 26 de setembro “no grupo do Whatsapp intitulado ‘No Feminino” uma foto dos extratos com os dados pessoais e as fotos de duas candidatas à iniciação”. A divulgação das identidades das duas mulheres que se preparam para entrar na Loja Delta do GOL colocou em causa, refere o documento, o segredo dos maçons.

Lembrando “que os dados das candidatas constantes dos extratos afixados nos Passos Perdidos do Palácio Maçónico (…) estão protegidos pelo sigilo maçónico”, o grão-mestre anuncia que “é determinada a suspensão provisória do obreiro Luís Maia da Loja Miosótis Negra n.º 584 de Lousada.

Neste documento, que foi enviado a todas as 103 lojas do GOL, Fernando Cabecinha recorda os deveres dos maçons: “honrar integralmente o compromisso prestado na iniciação; guardar fidelidade à Ordem maçónica; guardar o sigilo maçónico, acatar as leis e regulamentos e atuar sempre de forma ordeira”. Por outro lado, recorda que está assim em causa um “delito maçónico por, entre outros aspetos, ter revelado, “sem a devida autorização”, um “segredo maçónico”.

A entrada das mulheres, aprovada no parlamento maçónico em maio deste ano e promulgada pelo grão-mestre em junho, não tem sido um tema pacífico dentro do GOL.  Aliás, como noticiou a CNN Portugal, os 40 elementos da loja União Portucalense que era lidera pelo médico Eurico Castro Alves pediram para sair por não concordarem com a entrada de mulheres no GOL.