O alpinista Balin Miller morreu, aos 23 anos, depois de conseguir escalar sozinho El Capitan, a icónica formação rochosa de 915 metros do Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia. O acidente ocorreu nesta quarta-feira, já depois de Miller ter conseguido chegar ao cume, após vários dias de escalada pela rota conhecida como Sea of Dreams. O jovem já era conhecido de alguns circuitos das escaladas, somando milhares de seguidores nas redes, onde também transmitia as escaladas em directo.
De acordo com o The New York Times, Jeanine Moorman, a sua mãe, afirmou que a queda se deu quando o filho descia em rapel e tentava recuperar os equipamentos que ficaram presos nas rochas. Esta versão foi confirmada por Tom Evans, um fotógrafo que estava em Yosemite na altura. “Miller não pareceu perceber que a corda não era suficientemente longa para chegar aos sacos e escorregou da ponta”, escreveu o profissional de fotografia no seu Facebook.
De acordo com a Sky News, o irmão, Dylan Miller, referiu, no seu Facebook, que Balin estava em directo aquando do fatal acidente, chocando os espectadores que seguiam a transmissão.
“Isto é impensável”, escreveu Jeanbine Moorman em homenagem ao filho. “Neste momento, ainda não conhecemos todos os detalhes. O que sabemos é que o mundo perdeu uma alma extraordinária e os nossos corações estão destroçados.”
Miller, figura incontornável na comunidade de escalada, transmitia em directo algumas das suas escaladas no TikTok. Ganhou a alcunha de “tipo da tenda laranja” devido ao seu equipamento de campismo. Além disso, tinha uma imagem de marca: usava glitter prateado nas maçãs do rosto durante as escaladas. À revista Climbing no início deste ano, comparou-se a “um guerreiro a maquilhar-se antes de ir para a batalha”.
“Todos devem experimentar medo e perigo reais em algum momento, o que é fácil de acontecer nas montanhas”, escreveu Miller em tempos, cita o NYT. “Acho que isso ajudaria muitas pessoas a stressar menos com problemas mais insignificantes.”
Moorman descreve o filho como “estratégico, curioso e infinitamente brincalhão. Trazia luz por onde passava”. A mãe conta ainda que foi o pai que o influenciou a começar a escalar. Os seus primeiros anos no desporto foram passados nas montanhas do Alasca, estado onde nasceu. Mas, depois, tornou seus os vários “penhascos e serras pelo mundo, vivendo uma vida nómada em busca de aventura”, diz Moorman.
O alpinista chegou a estudar engenharia, mas nunca quis um trabalho das 9h às 17h. A escalada alpina era a sua paixão, refere a mãe, descrevendo-o como alguém que gostava de “viver o lado perigoso”. “Vivia com simplicidade, muitas vezes no seu Prius prateado, juntando um rendimento mínimo para sustentar a sua maior paixão: a escalada”, continua.
Em Junho, Miller completou o que se acredita ser a primeira subida a solo da rota Slovak Direct, no Monte McKinley, no Alasca, o pico mais alto da América do Norte, também conhecido como Denali.
O El Capitan é um destino popular para os escaladores e tornou-se mais conhecido globalmente após ter sido cenário do documentário Free Solo, de Alex Honnold, vencedor de um Óscar, no qual Honnold escalou a face rochosa sem cordas.
A morte de Miller ocorreu no primeiro dia da paralisação do Governo federal, com muitos parques nacionais em risco de encerramento ou com serviços limitados disponíveis para os visitantes.