O projeto também contribui para a preservação dos livros, evitando o seu manuseamento, com o consequente desgaste do papel. Se já eram alvo de conservação preventiva, agora, no processo de digitalização, são preparados um a um e encaminhados para restauro, se necessário – nem que seja para fixar uma lombada. “Felizmente, os livros estão bem conservados, há muita atenção”, observa, por seu lado, o vice-reitor para a Cultura e Ciência Aberta da UC, Delfim Leão.
Delfim Leão realça ainda que “a Biblioteca ficará acessível sem limites”, não sendo necessário sequer registo na plataforma online. Se acontecer, será mais adiante, e em casos específicos, por exemplo, de elementos da comunidade académica e científica que precisem de imagens com alta qualidade ou de outros recursos, ressalva Manuel Portela. “Pensámos na possibilidade de haver também uma componente colaborativa na plataforma, que permita a utilizadores, quando encontram erros, ou quando é necessário colaborarem na transcrição de certo tipo de texto, poderem colaborar.” Tal componente, por enquanto indisponível, já implicaria registo.
O diretor da Biblioteca Geral da UC explica que se procurou “integrar as ferramentas de inteligência artificial e muitas das ferramentas atuais que permitem, por exemplo, fazer indexação automática de imagens, análise de textos em larga escala ou tradução automática”. Conclusão: “A plataforma irá ter integradas ferramentas de inteligência artificial, quer no lado do controlo da qualidade, quando estamos a preparar os ficheiros; quer no lado do utilizador, quando pretender fazer pesquisas e análise do material publicado.”
De acordo com o mesmo responsável, “a UC Digitalis, que começa por ter a Joanina Digital como uma das suas principais coleções, tem como objetivo, a médio prazo, integrar todas as coleções digitais da Universidade. Existem outras, na área da Medicina, da Astronomia, da Botânica, etc. E pensar de uma forma integrada as coleções é uma das mais-valias deste projeto”. Para já, ficam acessíveis as plataformas de livros e revistas em acesso aberto da instituição. Nos planos está ainda a integração da Joanina Digital no portal do património Europeana.
Alguns dos primeiros livros digitalizados estão, pois, em exibição no piso inferior da Biblioteca Joanina, entretanto incluído no percurso turístico. É aí que trabalha a equipa encarregue da digitalização dos milhares de volumes que compõem o acervo, até por questões de preservação e segurança. A experiência de quem visita a Biblioteca Joanina sai enriquecida: é possível observar alguns exemplares e ver os técnicos em ação, antes de subir ao piso principal. E assim se mostra que a Joanina “não é apenas uma biblioteca-museu, mas está em atividade”, defende Delfim Leão.
Na seleção daqueles volumes pesaram dois critérios. Por um lado, foram escolhidos títulos ligados à histórica presença dos portugueses no Golfo Pérsico e na Península Arábica, pondo ênfase nos laços que unem, presentemente, a UC e o emirado de Sharjah. A este propósito, garante a Reitoria, em resposta escrita: “O apoio da Sharjah Book Authority [Autoridade Literária de Sharjah] foi atribuído sem qualquer tipo de condições, a não ser cumprir o desígnio essencial de ajudar a preservar e dar a conhecer ao mundo o acervo da Joanina, em pleno acesso aberto. A decisão de começar por este núcleo de livros na fase-piloto foi tomada pela UC”. É convicção da Academia que “a futura Coleção Digital do Oriente Médio, Coleção Sultan bin Muhammad Al-Qasimi, proporcionará um recurso de investigação para diversos campos disciplinares”.