O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo português, contactado pela Lusa, disse este sábado que ainda não tem data nem hora previstas para o regresso dos portugueses presentes na flotilha.
Cerca de 137 activistas da flotilha que foram detidos por Israel vão ser deportados para Istambul este sábado, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Turquia.
Un primo gruppo di 26 cittadini italiani che erano sulla Flottilla sta per lasciare Israele con un charter.
Li abbiamo inseriti in un volo della Turkish per Istanbul. Sono già stati trasferiti nella base aerea di Ramon e partiranno da aeroporto di Eilat.
Gli altri 15 italiani…— Antonio Tajani (@Antonio_Tajani) October 4, 2025
Os indivíduos incluem 36 cidadãos turcos, além de cidadãos dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Marrocos, Itália, Kuwait, Líbia, Malásia, Mauritânia, Suíça, Tunísia e Jordânia, acrescentaram fontes do ministério. O voo da Turkish Airlines deve pousar após as 15h40, horário local (13h40 em Lisboa), informou o ministério.
Um primeiro grupo de cidadãos italianos detidos em Israel que integravam a Flotilha Global Sumud, interceptada pelos israelitas quando tentavam chegar a Gaza, também vai regressar este sábado, 4 de Outubro, a Itália, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros deste país.
Este grupo é composto por 26 activistas italianos que assinaram o documento de expulsão voluntária e “estão prestes” a abandonar o território israelita a bordo de um voo fretado para Istambul, declarou Antonio Tajani nas redes sociais.
Estes 26 italianos já foram transferidos para a base aérea israelita de Ramon (no Sul do país) e vão deixar Israel através do aeroporto de Eilat. Outros 15 italianos vão permanecer em Israel, já que optaram por não assinar o documento de expulsão voluntária proposto pelas autoridades locais.
“Terão de aguardar pela expulsão por via judicial, que ocorrerá na próxima semana”, afirmou Tajani, solicitando à embaixada italiana em Telavive que “garanta que os seus cidadãos sejam tratados com respeito, de acordo com os seus direitos”.
Na sexta-feira à tarde, quatro políticos de esquerda, opositores do Governo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que embarcaram na flotilha, chegaram a Roma.
A equipa jurídica da Flotilha Global Sumud em Israel confirmou este sábado que se reuniu com 80 participantes, de um total de mais de 400 detidos, antes das audiências judiciais, e afirmou que foram realizadas 200 audiências entre quinta e sexta-feira “sem aviso prévio aos advogados” e, por isso, “sem a assistência da ONG Adalah, responsável pela defesa”.
De acordo com um comunicado desta ONG, “as audiências continuam” e os advogados estão na prisão na cidade de Ktziot, onde estão detidos “centenas de membros da flotilha”.
Duas embarcações atracam em portos cipriotas
As autoridades do Chipre informaram este sábado que duas embarcações que participaram na flotilha atracaram nos portos cipriotas nas últimas horas depois de terem solicitado autorização para abastecimento e assistência humanitária.
A primeira embarcação, cujo nome não foi divulgado, com 21 activistas de várias nacionalidades a bordo, chegou ao porto de Larnaca na noite de quinta-feira, após mais de quatro horas de navegação em condições difíceis.
O barco permaneceu sob vigilância da polícia e das patrulhas marítimas até, pelo menos, à noite de sexta-feira. À chegada, uma equipa médica tratou duas pessoas com problemas de saúde, sem necessidade de hospitalização.
Na tarde de sexta-feira, uma segunda embarcação da flotilha foi autorizada a atracar no porto de Pafos. Segundo o director-geral da Autoridade Portuária do Chipre, Anthimos Christodoulides, a embarcação chama-se Seiren e tem 10 pessoas a bordo. A agência de notícias cipriota CNA referiu que este navio de bandeira italiana vai zarpar este sábado do porto cipriota.
As autoridades israelitas detiveram cerca de 450 activistas que viajavam a bordo da Flotilha Global Sumud — que foi interceptada na noite da passada quarta-feira quando tentava chegar a Gaza com ajuda humanitária e quebrar o bloqueio israelita ao enclave palestiniano —, na prisão de Saharonim, perto da fronteira com o Egipto e construída para deter os imigrantes africanos em situação irregular em Israel.
Procedures are under way to wrap up the Hamas-Sumud provocation and to finalize the deportation of the participants in this sham.
Already 4 Italian citizens have been deported. The rest are in the process of being deported. Israel is keen to end this procedure as quickly as… pic.twitter.com/LeM1R25jTP
— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) October 3, 2025
A flotilha, que zarpou no final de Agosto, marcou a mais recente tentativa de activistas de desafiar o bloqueio naval israelita a Gaza, onde Israel tem vindo a realizar uma ofensiva desde o ataque do Hamas em Outubro de 2023. As autoridades israelitas denunciaram repetidamente a missão como uma manobra de propaganda. O Ministério das Relações Exteriores israelita afirmou que a flotilha tinha sido previamente avisada de que se estava a aproximar de uma zona de combate activa e a violar um “bloqueio naval legal”, e pediu aos organizadores que mudassem de curso.
Já os quatro portugueses da Flotilha Global Sumud, detidos pelas forças israelitas, estão “bem de saúde, apesar das condições difíceis”, e aceitaram ser “deportados de forma voluntária e de imediato”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) anunciou que a embaixadora de Portugal em Israel, Helena Paiva, visitou esta sexta-feira Sofia Aparício, Miguel Duarte, Diogo Chaves e Mariana Mortágua na prisão de Saharonim.
De joelhos e amarrados durante horas
O Ministério das Relações Exteriores de Israel escreveu no X que todos os activistas detidos estavam “seguros e com boa saúde”, acrescentando que estava ansioso para concluir as deportações “o mais rápido possível”. De acordo com a Adalah, um grupo israelita que oferece assistência jurídica aos membros da flotilha, alguns deles tiveram acesso negado a advogados, água e medicamentos, bem como ao uso de casas de banho.
Os activistas também foram “forçados a ajoelhar-se, com as mãos amarradas, durante pelo menos cinco horas, depois de alguns participantes gritarem ‘Palestina Livre'”, disse a Adalah. O Ministério das Relações Exteriores de Israel não respondeu ao pedido de comentário.