A robótica humanoide tem dado saltos gigantescos na agilidade e mobilidade, mas a verdadeira interação humana exige mais do que acrobacias. Uma empresa chinesa está agora a focar-se no elemento que faltava: expressões faciais realistas que prometem revolucionar a comunicação entre humanos e máquinas.

Robótica vai da força bruta à subtileza da expressão

Durante anos, o principal objetivo da robótica humanoide foi a mestria do movimento. Vimos máquinas capazes de correr, saltar e executar tarefas com uma destreza impressionante. No entanto, embora a componente mecânica esteja cada vez mais resolvida, a interação com estes robôs continua a parecer fria e artificial.

O grande desafio atual passa por replicar a comunicação não-verbal, um pilar fundamental do diálogo humano. Gestos como um aceno de cabeça ou uma expressão de surpresa são cruciais para criar uma ligação genuína, e é precisamente essa a barreira que a tecnologia chinesa se propõe a quebrar.

A materialização deste novo foco chega-nos através da AheadForm, uma empresa chinesa que apresentou um protótipo notável. Num vídeo que captou a atenção online, é possível ver uma cabeça robótica a piscar os olhos e a seguir o ambiente com o olhar de uma forma incrivelmente realista.

Fundada em 2024, a AheadForm afirma no seu website que a sua missão é tornar as interações entre humanos e máquinas mais naturais e intuitivas. Para tal, a empresa está a integrar Large Language Models (LLMs) com sistemas de expressões faciais que respondem em tempo real.

[Vídeo original]

A tecnologia por detrás do olhar

Para conferir esta aparência viva ao seu protótipo, batizado de Origin M1, a AheadForm recorreu a motores brushless (sem escovas). Estes pequenos e silenciosos dispositivos permitem coordenar movimentos de alta precisão. O modelo integra um total de 25 destes atuadores, responsáveis por controlar as múltiplas expressões faciais.

As suas pupilas escondem câmaras que captam o que se passa ao redor, enquanto microfones e altifalantes integrados asseguram uma comunicação fluida. É a combinação de todos estes componentes que resulta nos movimentos subtis e na capacidade de resposta da cabeça robótica.

A empresa garante que o potencial destas tecnologias vai muito para além de meras demonstrações. Os cenários de aplicação incluem o atendimento ao cliente, o setor da educação ou a prestação de cuidados de saúde, áreas onde a confiança e a empatia são construídas também através de gestos e expressões.

A lógica é simples: um robô que sorri ou acena com a cabeça gera mais proximidade do que um com um rosto inexpressivo. De momento, estes modelos ainda não estão disponíveis para comercialização, mas a visão é clara.

Este trabalho encontra, aliás, respaldo académico. Um estudo publicado na revista Science Robotics em 2024, da autoria de Yuhang Hu e colaboradores, já tinha apresentado um robô capaz de prever e reproduzir expressões humanas em tempo real, provando que a sincronização entre reconhecimento facial e resposta mecânica é viável.

 

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