Demissão ou continuidade? Esta é a pergunta que mais ecoa no Manchester United nas últimas semanas. Apesar de o prazo de três jogos para mostrar o que vale chegar agora ao fim, a imprensa inglesa garantia, ainda antes da receção ao Sunderland, que Jim Ratcliffe ia manter Ruben Amorim no comando técnico dos red devils qualquer que fosse resultado, já que o dono continuava a acreditar que o português era a solução pelo menos até ao final da temporada. No entanto, os nomes de Andoni Iraoli, Xavi Hernández, Gareth Southgate e Oliver Glasner começaram a surgir nos jornais para a sucessão de Amorim. Contudo, os registos negativos continuaram a acumular-se na derrota em casa do Brentford (3-1) e, ao cabo de 33 jornadas na Premier League, Amorim chegava à jornada deste sábado com apenas 34 pontos amealhados.

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Durante a semana, Ruben Amorim não fugiu à questão nas diversas aparições que fez nos meios de comunicação britânicos. “Vamos jogar melhor, é isso que sinto. Temos de voltar à Europa, mas não sei o que irá acontecer. Precisamos de líderes mas, às vezes, o que penso é que sentimos falta de alguns jogadores malucos. Liberdade é o ponto chave, não as jogadas fantásticas. É a liberdade dos jogadores. Eles têm muito mais para mostrar. Acho que estamos a melhorar, mas há potencial para fazer mais”, referiu em declarações à TNT Sports, assumindo publicamente o desejo de continuar nos red devils. Na mesma altura, surgiu a informação de que a direção do clube pretende realizar um encontro amigável na Arábia Saudita, com vista a aproveitar a não presença nas competições europeias para fazer um encaixe financeiro considerável.

“Não se pode fugir aos resultados nem à bagagem da época passada, mas, ara mim, a época passada não conta. Já disputámos seis jogos esta temporada e perdemos três. Temos de olhar para os jogos que perdemos. Não estou a dizer que esta equipa jogaria melhor noutro sistema ou não, não é esse o meu ponto. O que quero dizer é que, ao rever os jogos que perdemos, o mais importante ao analisar é que não perdemos por causa do sistema. Essa é a minha opinião. As pessoas têm opiniões diferentes e isso é perfeitamente normal. Não se pode dizer que algo não funciona quando num fim de semana resulta e no outro não. Quando algo não funciona, não funciona todos os dias. Quando funciona num dia e no seguinte não, e depois volta a funcionar muito bem, então o problema está na forma como fazemos as coisas. Por isso, temos de fazer tudo da mesma forma todos os dias e não estamos a conseguir”, explicou o português em conferência de imprensa.

Frente ao surpreendente Sunderland, que regressou esta temporada ao principal escalão e estava dentro do top 4, Ruben Amorim ficou privado de utilizar Noussair Mazraoui e Lisandro Martínez, mas, em sentido inverso, viu Casemiro e Amad Diallo regressarem ao onze, que contou, como habitual, com os portugueses Diogo Dalot e Bruno Fernandes. No total foram cinco as alterações, com a baliza a ficar entregue a Senne Lammens, com Leny Yoro, Matthijs de Ligt e Luke Shaw no centro da defesa. No ataque, Bryan Mbeumo e Mason Mount jogaram no apoio a Benjamin Sesko. Nos black cats, sem o suspenso Reinildo Mandava, que passou pelo futebol português, Arthur Masuaku voltou a atuar como lateral-esquerdo, com Wilson Isidor no ataque e o experiente Granit Xhaka no miolo.

O 50.º jogo de Amorim ao serviço do Man. United começou com a equipa da casa a impor-se com bola e a chegar ao golo numa fase precoce, com Mbeumo a deambular da direita para o meio e a cruzar para a área, obrigando Mount a receber em esforço, mas, depois da receção primorosa, o internacional inglês atirou de pé direito, à entrada da área, para o fundo da baliza (8′). A formação da casa continuou a aproveitar o espaço interior e, com mais um remate à entrada da área, Diallo atirou para um grande estirada de Robin Roefs (21′) que, logo a seguir, travou mais um remate colocado, de Mbeumo (23′). Já com a chuva a fazer-se sentir em Manchester, o United continuou a pressionar e consentir pouco espaço ao adversário e, num lance fenomenal, Bruno Fernandes recebeu de Mount na meia-lua, não tomou balanço e colocou a bola no ângulo superior direito, com Roefs a fazer uma enorme defesa com a ponta dos dedos, enviando o esférico à trave na sua baliza (26′).

O segundo golo acabou por não passar de uma mera formalidade, com Dalot a cobrar um lançamento diretamente para a área, onde Nordi Mukiele falhou o corte e desviou para Sesko encostar ao segundo poste, num lance que deixou Amorim a… morder a língua (31′). Perante a exibição da sua equipa, Régis Le Bris passou a jogar com três centrais, com Daniel Ballard a render Simon Adingra. Na parte final do primeiro tempo, o lateral português apareceu na área a rematar por cima e, na sua melhor ocasião, o Southampton obrigou Lammens a voar para travar um remate de longe de Xhaka (44′). A fechar a primeira parte, Sesko disputou uma bola com Trai Hume dentro da área do Man. United, levantou a perna à altura da cabeça do adversário num lance em que se pediu penálti mas, após ver as imagens, o árbitro Stuart Attwell mandou jogar. No recomeço, Xhaka cobrou o canto para o segundo poste e, nas alturas, Ballard cabeceou ao lado (45+5′).

A tendência da partida não se inverteu na segunda metade, com Benjamin Sesko a tentar alvejar a baliza adversária nos primeiro minutos, mas o seu remate, na conclusão de uma excelente jogada individual, saiu muito ao lado (55′). Pouco depois, Bertrand Traoré caiu na área num lance com Senne Lammens, que saiu mal da baliza, e Bruno Fernandes, mas o árbitro considerou simulação do extremo e mostrou-lhe o amarelo (58′). Já com Chemsdine Talbi, Eliezer Mayenda e Brian Brobbey em campo, Ruben Amorim começou a refrescar a sua equipa e lançou Patrick Dorgu e Matheus Cunha para os lugares de Diogo Dalot e Mason Mount, mas a sua equipa continuou com o jogo na mão e a controlar, ficando perto de marcar por Casemiro, que recebeu à entrada da área e atirou muito por cima (70′). Na resposta, Mukiele ganhou espaço junto à linha de fundo, cruzou atrasado, mas Brobbey falhou o desvio (76′).

Amorim continuou ativo fora das quatro linhas e decidiu colocar Kobbie Mainoo no meio-campo, retirando Mbeumo. Do outro lado, Mayenda recebeu à entrada da área, só que o remate saiu por cima (79′). Seguiu-se a entrada de Lutsharel Geertruida, na fase mais ofensiva do Sunderland, com o treinador português a aproveitar para colocar Manuel Ugarte e Harry Maguire nos lugares de Casemiro e Yoro. Até ao apito final, Lammers voltou a mostrar-se, travando um remate de Chemsdine Talbi (2-0). Com este resultado, o Manchester United regressou às vitórias e subiu, à condição, ao oitavo lugar, com dez pontos, naquele que foi o seu primeiro jogo sem sofrer golos na presente temporada. Segue-se o clássico com o Liverpool, em Anfield, depois da paragem para as seleções.