julos / Pixabay

Uma equipa de cientistas identificou o surpreendente trio de fatores letais que impulsiona as mortes na doença hepática mais comum do mundo. E mais surpreendentemente ainda, o mais fatal dos trio de “assassinos silenciosos” não é a diabetes — mas a hipertensão arterial.

A doença hepática esteatósica associada à disfunção metabólica (MASLD) afeta mais de 1/3 da população mundial e está associada a problemas de saúde graves.

Um novo estudo revela agora que a hipertensão arterial, a diabetes e o baixo colesterol HDL são os fatores de risco cardiometabólico mais mortais para os doentes com MASLD, sendo que a hipertensão se revelou ainda mais perigosa do que a diabetes.

As conclusões mostram também que a obesidade e o índice de massa corporal (IMC) influenciam significativamente a mortalidade e que cada fator de risco adicional aumenta o perigo de forma cumulativa.

A MASLD ocorre quando há acumulação de gordura no fígado e está associada a uma ou mais de cinco condições: obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, hiperglicemia e baixo colesterol HDL, conhecido como o “bom” colesterol. Estas condições são classificadas como fatores de risco cardiometabólico, porque afetam o coração e o metabolismo.

A MASLD pode evoluir para doenças graves, como patologias hepáticas avançadas, cardíacas ou renais. No entanto, até agora, havia pouca investigação que analisasse se certos fatores de risco cardiometabólico estão mais associados à mortalidade do que outros em doentes com MASLD, nota o Science Daily.

Fatores de risco mais letais

O novo estudo, desenvolvido por investigadores da University of Southern California (USC) e recentemente publicado na Clinical Gastroenterology and Hepatology, revela que os três fatores de risco cardiometabólico ligados ao maior risco de morte em doentes com MASLD (hipertensão arterial, pré-diabetes ou diabetes tipo 2, e baixo HDL) aumentam o risco de morte em 40%, 25% e 15%, respetivamente.

Estes resultados mantêm-se independentemente do número ou da combinação de fatores de risco cardiometabólico presentes, bem como do sexo, género, raça ou origem étnica dos participantes.

A MASLD é uma doença complexa, e este estudo lança nova luz sobre onde os médicos poderão concentrar os seus esforços no tratamento dos doentes”, afirma Norah Terrault, hepatologista da USC e autora principal do estudo.

“Compreender quais os aspetos da MASLD que podem conduzir a piores desfechos ajuda-nos a oferecer o melhor cuidado possível aos nossos pacientes”, acrescenta a investigadora.

Os investigadores ficaram particularmente surpreendidos ao descobrir que a hipertensão está associada a uma maior probabilidade de morte do que a diabetes, explicou Matthew Dukewich, hepatologista e investigador principal do estudo.

“Até agora, pensava-se que a diabetes era o problema mais preocupante para os doentes com MASLD — esta é uma conclusão muito relevante”, acrescentou.

O estudo demonstrou também que a obesidade, o fator de risco cardiometabólico mais comum na MASLD, pode aumentar substancialmente o risco de mortalidade consoante o índice de massa corporal (IMC) do doente — um indicador que estima a percentagem de gordura corporal com base na altura e no peso. Quanto mais elevado o IMC, maior a associação com a mortalidade.

Além disso, a investigação reforça a evidência de que os doentes com mais fatores de risco cardiometabólico apresentam piores resultados clínicos. O estudo concluiu que o risco de morte entre pessoas com MASLD aumenta 15% por cada fator de risco cardiometabólico adicional presente.


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