Balin Miller, alpinista norte-americano de 23 anos, morreu na quarta-feira, 1 de outubro, após cair de El Capitán, no Parque Nacional de Yosemite (Califórnia), já perto do topo da via Sea of Dreams. A mãe confirmou a morte nas redes sociais e as autoridades do parque abriram investigação, noticiou a agência Associated Press. O momento foi captado numa transmissão em direto no TikTok acompanhada por centenas de pessoas.
O acidente terá acontecido quando o saco de carga ficou preso abaixo da ancoragem. Segundo a revista especializada Climbing, Miller desceu a corda para libertar o material e acabou por ultrapassar o final da corda durante a descida — um erro frequente e quase sempre fatal quando não há nó de segurança.
Miller não fazia free solo (escalada sem corda ou qualquer tipo de proteção). Estava a escalar sozinho com técnicas de auto segurança — sobe a colocar proteções, fixa a corda, desce para recuperar o equipamento e volta a subir. É um processo demorado, que pode durar dias numa parede com 900 metros de desnível, explicou o jornal El País.
A transmissão foi feita a partir do prado de El Capitán por um entusiasta que acompanhava, ao longe, os movimentos na parede. A transmissão em direto juntou ao longo da semana uma audiência ampla e, no momento da queda, perto de 500 pessoas acompanhavam o momento.
Miller chegava a Yosemite num ano em que se tornara um fenómeno na escalada mundial. Em junho foi o primeiro a concluir sozinho, com corda, a rota Slovak Direct, no Denali (Alasca), uma linha técnica de 2.700 metros com pouquíssimas repetições. Também realizou solos de referência na Patagónia e nas Rochosas canadianas, incluindo a difícil Reality Bath.
Conhecido em Yosemite como o “Orange Tent Guy”, pela cor da tenda suspensa onde dormia preso à parede, Miller ganhava notoriedade nas redes sociais ao partilhar o quotidiano das grandes paredes — e era apontado por alpinistas experientes como uma das promessas da sua geração.
A administração de Yosemite indicou estar a recolher informação e a preparar um relatório oficial. Segundo o Los Angeles Times, os guardas do parque responderam rapidamente, apesar das limitações associadas ao shutdown federal iniciado no mesmo dia.
Rappéis que terminam para lá do fim da corda estão entre as causas mais comuns de acidentes graves na escalada. A Climbing e o Guardian recordam casos anteriores e reforçam a recomendação de usar nós de bloqueio nas extremidades em todas as descidas em rappel.