Tornou-se viral um vídeo que mostra uma discussão entre uma mulher muçulmana e um homem com uma bandeira da comunidade LGBTQIA+ na mão. Segundo se alega nas publicações partilhadas, em causa estaria a presença do indivíduo numa manifestação pró-Palestina.

“Uma mulher muçulmana diz a um membro do grupo ‘Queer for Palestine’ que ele não é bem-vindo Num protesto pró-palestiniano e que deve ir embora”, denuncia-se num tweet ao qual foi anexado este vídeo.

O mesmo post faz ainda a suposta tradução da intervenção da mulher: “Sai! Não queremos pessoas como tu aqui. Somos muçulmanos e tu enojas-nos. Não fazes parte da nossa causa.”

Publicações semelhantes circulam noutras redes sociais, como o Facebook. Mas será que a história está a ser bem contada?

Não. Além de o vídeo não mostrar um episódio recente, não foi captado no contexto em que se sugere nestas publicações.

O tema foi inclusivamente alvo de um fact-check da AFP, que, em 2024 – quando estas imagens começaram a ter elevada repercussão -, confirmou que o vídeo foi captado numa manifestação em Montreal, no Canadá, em setembro de 2023, que nada tinha a ver com o conflito israelo-palestiniano.

Na realidade, esta interação ocorreu durante um protesto contra a promoção de conteúdos sobre identidade de género nas escolas, explicou um repórter da TVA, estação televisiva.

O mote da manifestação foi “1 Million March 4 Children” (em português, ‘Um milhão Marcha pelas Crianças’). A comunicação social canadiana acompanhou as marchas que decorreram por todo o país, nas quais os manifestantes apelaram à limitação de temas LGBTQIA+ nas escolas. No entanto, muitos destes protestos foram recebidos com contra-manifestações, em que se defenderam os direitos e a visibilidade da comunidade.

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