Jales Naves
Especial para A Redação
Goiânia –
Saúde e espiritualidade unem duas dimensões inseparáveis da existência: o corpo físico e a vida do espírito. “Essa união acontece desde a estrutura anatômica no encéfalo até as ondas mentais emitidas por nossos pensamentos”, defendeu a fisioterapeuta Mônica Bastos Arruda Xavier de Souza, formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, por onde é especialista em Fisioterapia Neurológica. Ela falou no ciclo de palestras “Por que Adoecemos?”, promovido pela Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, em sua sede, em Goiânia, no sábado, dia 27, dentro da programação de atividades para se aproximar mais da sociedade goiana.
Em 1947, conforme o livro “No Mundo Maior”, escrito pelo direcionamento espiritual do médico André Luiz, surgiu o conceito de casa mental dividida em três andares. 21 anos depois, Paulo MacLean, neurocientista e psiquiatra americano, consolidou essa tese pelas vertentes da ciência, em sua obra que se baseia nessa referência anatômica com cérebro em três “camadas”, de forma praticamente similar ao que foi apresentado por André Luiz.
Instintos básicos
Em sua exposição, Mônica explicou que “o nosso primeiro andar ou a nossa primeira camada”, citando novamente MacLean, “é o nosso cérebro reptiliano, responsável pelos institutos básicos de sobrevivência, como fuga, alimentação e reprodução”. Situam-se – como esclareceu – os impulsos primitivos, os instintos básicos da vida e é aí que está a herança filogenética da caminhada evolutiva. “É a região ligada à sobrevivência, ao automatismo biológico, às forças que nos mantêm ligados ao corpo. É a nossa parte pronta da evolução, que se encontra automatizada”, afirmou.
“Costumamos confundir o fato de ser primitivo com ser ruim. Ouvimos constantemente aquele discurso: ‘É preciso superar os nossos instintos primitivos!’”, disse. Isso seria como dizer: “Temos que superar a nossa capacidade de respirar, os nossos batimentos cardíacos e todos os automatismos que nos mantém vivos. Isso não tem como, faz parte de nosso modelo de desenvolvimento”.
O segundo andar ou segunda camada do cérebro – explicou – “é a parte que registra nossas experiências emocionais. É o espaço onde se organizam nossos sentimentos, lembranças e heranças psicológicas. É o sistema límbico, responsável pela organização das emoções, da memória afetiva, da nossa capacidade de socialização e vida em grupo”. “Aqui nós já conseguimos tomar decisões. A maioria das decisões rápidas ou decisões baseadas na emoção são tomadas nesse espaço”, explicou.
O terceiro andar ou terceira camada é o neocórtex, parte mais nobre/refinada e recente, responsável pelos pensamentos, pela capacidade de linguagem, pela criatividade, pela capacidade de escolher racionalmente / ponderadamente, pelo livre-arbítrio, pela ética, discernimento do correto e não correto. “É nessa região que temos acesso à intuição espiritual e à capacidade de orientar nossas vidas em direção aos valores morais”, frisou.
Ressaltou que “85% do nosso cérebro é formado pelo terceiro andar mais nobre, porém o utilizamos muito pouco porque ainda predominam em nós as instâncias dos dois primeiros, já que deles vêm as nossas decisões de sobrevivência”. “Nós percebemos que esses ‘andares de casa mental’ não são rígidos, não são fixos, eles se comunicam entre si”, disse. “Nosso funcionamento mental, para ser saudável, precisa de um trânsito livre entre esses pavimentos. Porém, somos nós que decidimos em qual deles vamos passar mais tempo”.
Mente / espírito
Mônica esclareceu, de forma didática, que toda vez que se falar de cérebro é preciso entender que existe o cérebro físico (órgão), mas o cérebro físico não gera a mente. O cérebro se relaciona com a mente. Por quê? “Porque a mente é espiritual!”. Explicou que a mente, que é de natureza espiritual, se comunica / se relaciona com o cérebro órgão físico em uma interrelação íntima, “o que proporciona o nosso funcionamento mental”. Portanto, “a mente do espírito, quando este está habitando um corpo físico, se comunica / se relaciona com o mundo via órgão físico cérebro. Daí o motivo desse órgão ser tão complexo”.
A mente se “expressa” pelos pensamentos, afirmou. “Se a interrelação mente (espiritual) – cérebro (físico) é íntima e constante, significa que tudo que a mente pensa interfere diretamente em todo o funcionamento do cérebro como órgão físico”.
O que o indivíduo pensa interfere na primeira camada, em todos os automatismos orgânicos “que nos mantém vivos e saudáveis (ou vivos e doentes)”, como, por exemplo, a homeostase, que consiste na regulação da temperatura corporal; na manutenção do pH sanguíneo (as células cancerígenas precisam do pH ácido para se desenvolverem) e do controle da glicose, que é o nível de açúcar no sangue; na cascata hormonal, que é específica para cada processo do organismo; nos batimentos cardíacos e pressão arterial; e no sistema de defesa – imunidade.
Pensamentos
Para Mônica, pensamento não é algo abstrato, que só existe “na nossa cabeça”. É matéria, em diferente escala vibratória, constituída por elementos atômicos sutis aquém do hidrogênio e do urânio.
O pensamento é comparável a uma onda eletromagnética. “O eletromagnetismo é a base de toda tecnologia e comunicação sem fio. É dessa forma que satélites enviam todo tipo de informações para a Terra, já que as ondas eletromagnéticas conseguem se propagar no vácuo”. Idêntico a um celular, que envia qualquer documento, foto, vídeo, áudio (em milésimos de segundo) para outro aparelho do outro lado do planeta. “Essas ondas podem conter e transportar qualquer tipo de informação”, resumiu.
A física quântica, ramo mais recente da física que estuda o comportamento de matéria e energia em escalas subatômicas, já comprovou exaustivamente que os pensamentos também são ondas eletromagnéticas extremamente semelhantes, e da mesma forma podem conter e transportar qualquer tipo de informação.
O pensamento é vivo e gera sentimentos nas pessoas e consequentemente emoções. “Aqueles que sustentamos materializam, tanto no ambiente quanto no corpo, determinado tipo de realidade positiva ou negativa que vamos experienciar”.
Perdão
Na busca pela saúde integral – conforme explicou – a teoria está em dia. “O maior terapeuta que já passou pelo planeta Terra caminhou entre nós justamente para nos mostrar que a teoria sem a prática é vazia. Jesus, com a sua forma de ensinar através de sua bondade e amor nos mostrou a todo instante que o acúmulo de conhecimento se torna nulo se não o colocarmos em prática”.
Saber o caminho – afirmou – não é percorrer o caminho.
Amor, perdão, paciência, tolerância, não julgamento. “Dentre tantos outros conceitos nobres, além de serem sentidos, eles precisam ser exercitados. Quando colocados em prática esses conceitos nobres se transformam, no mundo de hoje, em caridade moral para conosco e para com o nosso próximo. Hoje, sabedores que fomos, pelo nosso estudo, que os sentimentos elevados e nobres são agentes curadores, ao praticarmos o bem ao próximo nós entendemos que os maiores beneficiados somos nós mesmos”.
Pensar e agir positivo são os maiores bens que se pode fazer para conquistar a saúde integral. “Isso não é misticismo. É ciência!”, concluiu.