O pastel de nata da Aloma (Lisboa) é, novamente, o melhor de Lisboa, depois de ter repetido o feito do ano passado, ao conquistar o primeiro lugar no Concurso O Melhor Pastel de Nata, que aconteceu, como habitualmente, no Congresso de Cozinha, a decorrer, nos dias 5 e 6 de Outubro, nos Jardins do Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras. Em segundo lugar ficou a pastelaria Pãozinho das Marias (Ericeira) e em terceiro a Confeitaria Glória (Amadora), ambas já vencedoras de primeiros prémios em edições anteriores.

Os critérios para a escolha do melhor pastel já são bem conhecidos (afinal, o concurso, sempre muito participado, vai na sua 16ª edição): o aspecto (atenção à parte de baixo, a massa deve estar enroladinha e sem sinais de queimado), o toque da massa (que deve ser audivelmente estaladiça), o sabor e a consistência da massa (provada separadamente do recheio), o recheio e, por fim, o sabor global.

O trabalho do júri é avaliar todos esses aspectos para concluir qual o pastel que melhor corresponde a todos estes critérios. Uma nota importante: os pastéis são provados depois de terem arrefecido, para melhor poderem ser avaliados.

O júri é presidido por Virgílio Nogueiro Gomes e composto por três pasteleiros Davide Cunha (Prémio Pasteleiro do Futuro, da Academia de Gastronomia e o único estreante como membro deste júri), Beatriz Matias (Mapa, L’AND Vineyards) e Lara Figueiredo (MACAM), e três especialistas, a autora e blogger Isabel Zibaia Rafael, o fundador das Edições do Gosto Paulo Amado e a actriz e apresentadora Joana Barrios.




Foram 12 as pastelarias finalistas
João beijinho

Dos 12 pastéis finalistas deste ano, dez eram de pastelarias (de fabrico próprio e da Área Metropolitana de Lisboa) que já tiveram prémios em edições anteriores. Por isso, “os da final são grandes pastéis”, notou Virgílio Gomes, mesmo que nas fases de selecção anteriores possam ter surgido “maiores diferenças de qualidade”. Estes finalistas integram as três pastelarias vencedoras em 2024 (Padaria da Né, Aloma e Batalha) e nove que foram apuradas pelo júri.

Foi em 2009 que Virgílio Nogueiro Gomes criou o concurso e, garante, o resultado para o vencedor é “a multiplicação dos cifrões” – deu mesmo o exemplo do que aconteceu há alguns anos com a Pastelaria Suíça (na sua vida anterior), que, depois da vitória, passou de 700 pastéis diários para 2000.

Na conversa que decorreu enquanto o júri fazia a prova cega final, Paulo Amado, organizador do Congresso de Cozinha, perguntou a Virgílio Gomes se “pode continuar-se a chamar pastel de nata se for feito com chocolate”, por exemplo. O especialista em história da alimentação, muito conhecedor da doçaria, prefere que as fronteiras sejam bem definidas: “Sou contra. Já cheguei a contactar um presidente da Câmara para lhe perguntar se o pastel de cereja precisava mesmo da palavra ‘nata’ para se vender.”

Este é um concurso de Lisboa porque “a identidade do pastel de nata é de Lisboa”, sublinhou Virgílio. Mas o Porto – que, entretanto, ganhou um concurso próprio, o do Croissant à Moda do Porto – também já beneficia do sucesso do pastel de nata porque “há pastelarias especializas que nasceram em Lisboa mas que neste momento já têm loja aberta no Porto”.