Estudo desenvolvido pela Marktest para a Medicare, divulgado a propósito do Dia Mundial da Saude Mental, que hoje se assinala, revela que para 60% dos inquiridos a saúde mental não é valorizada no local de trabalho. Uma fatia de 30% dos portugueses diz ter sentido necessidade de recorrer a um especialista em saúde mental no último ano, mas apenas 17% admite ter tido acompanhamento efetivo.

Existe um fosso entre a necessidade de apoio e o acompanhamento efetivo e há uma elevada incidência de sintomas relacionados com a saúde mental e uma percepção generalizada de falta de valorização do tema no contexto profissional. Estas são algumas das conclusões do Estudo Nacional de Saúde – Estado de Saúde Geral da População Portuguesa desenvolvido pela Marktest para a Medicare, divulgado esta sexta-feira, 10, Dia Mundial da Saúde Mental.

O estudo traça um completo e abrangente retrato do estado de saúde geral da população, revelando que 34,6% dos portugueses entre os 18 e os 64 anos sofreram, nos últimos 12 meses, sintomas do foro mental, como ansiedade, burnout, ataques de pânico, depressão ou outros. À semelhança de edição de 2023, observa-se, segundo os autores, uma incidência acima da média global nos jovens adultos: 49,8% entre os 18 e os 24 anos, e 41,7% entre os 25 e os 34 anos.

Segundo o estudo cerca de um terço da população (29,7%) admitiu ter sentido necessidade de recorrer a um profissional de saúde mental no último ano. O número sobe para 42,1% na faixa etária dos 18 aos 24 anos, para 36,9% entre os 25 e os 34 anos, e para 37,7% se considerarmos apenas as respostas dos indivíduos do género feminino. Apesar da necessidade expressa por cerca de 30% dos indivíduos, apenas 17,1% acabaram por ter uma consulta de especialidade em saúde mental.

Da mesma forma, cerca de 30% dos portugueses (29,3%) diz não se sentir à vontade para falar sobre saúde mental com familiares ou amigos, um valor superior ao registado em 2023 (25,4%). A análise por faixas etárias mostra, no entanto, segundo os autores, que os jovens dos 18 aos 24 anos têm hoje maior abertura para discutir o tema, em contraciclo com os restantes grupos etários.

Entre os que sentem necessidade de recorrer a um profissional de saúde mental no último ano, verifica-se igualmente uma quebra na abertura para abordar o assunto com familiares ou amigos – de 62% em 2023 para 53,5% em 2025 –, indiciando que o estigma permanece mais forte entre quem mais precisa de ajuda.

“Numa análise geracional, é possível observar que os jovens dos 18 aos 24 anos são o grupo mais afetado, com quase metade dos inquiridos a reportar sintomas de ansiedade, burnout ou depressão e mais de 40% a admitir necessidade de apoio especializado”, salienta.

O estudo mostra que41,7% das mulheres reportaram sintomas de ansiedade, burnout e depressão, entre outros, face a 27% dos homens. Consequentemente, acabam por ser as mulheres quem mais sente necessidade de procurar ajuda e recebe esse acompanhamento.

Também cerca de 60% da população portuguesa considera que a saúde mental não é devidamente valorizada na empresa ou instituição onde trabalha, uma perceção particularmente evidente na faixa etária dos 45 aos 54 anos e entre aqueles que sentiram necessidade de procurar ajuda profissional ou tiveram sintomas.