O comandante do Comando de Defesa de Fronteira militar nas províncias de Chanthaburi e Trat, Apichart Sapprasert, disse em comunicado que “a lei marcial está em vigor” em sete distritos de Chanthaburi e num distrito de Trat.
A lei marcial pode ser invocada por um Estado para agir perante uma ameaça excecional, como é o caso de uma invasão militar, tal como fez a Ucrânia aquando da invasão russa.
As tensões entre Tailândia e Camboja têm vindo a aumentar desde o final de maio, quando um soldado cambojano foi morto a tiro num confronto por uma região fronteiriça há muito disputada.
A disputa fronteiriça entre estes dois países do Sudeste Asiático escalou na quinta-feira após meses de tensão, atingindo um nível de violência que não se via desde 2011, envolvendo aviões de guerra, tanques, tropas terrestres e fogo de artilharia. Nestes últimos dois dias, a Tailândia reportou 15 mortes e o Camboja uma.
Na sequência do reacender do conflito, Banguecoque encerrou a fronteira com o Camboja, depois de a Embaixada da Tailândia no Camboja ter solicitado aos cidadãos tailandeses que abandonassem o país. Cerca de 138 mil pessoas de quatro províncias fronteiriças foram deslocadas.
Tailândia diz concordar “em princípio” com proposta de cessar-fogo
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia afirmou, esta sexta-feira, que concorda em princípio com uma proposta da Malásia para um cessar-fogo entre as forças tailandesas e cambojanas e que irá considerar o plano, mas que este deve basear-se em “condições apropriadas no terreno”.
“O Governo tailandês deseja agradecer ao primeiro-ministro Anwar Ibrahim pela proposta de cessar-fogo, que a Tailândia concorda plenamente em princípio e irá ter em conta”, disse o Ministério tailandês na rede social X.
No entanto, Banguecoque salienta que “ao longo do dia, as forças cambojanas continuaram os seus ataques indiscriminados em território tailandês”, ressalvando que qualquer cessar-fogo deve basear-se em “condições apropriadas no terreno”.
The Royal Thai Government wishes to thank Prime Minister @anwaribrahim for the offer of a ceasefire, which Thailand fully agrees with in principle and will consider. However, it must be stated that throughout the day, Cambodian forces have continued their indiscriminate attacks…
— กระทรวงการต่างประเทศ | MFA of Thailand (@MFAThai) July 25, 2025
O primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, anunciou anteriormente nas redes sociais que tinha concordado com o cessar-fogo proposto pelo seu homólogo malaio, presidente do bloco regional da ASEAN.
A declaração do ministério tailandês surgiu depois de o primeiro-ministro, Phumtham Wechayachai, ter alertado que o conflito poderia “transformar-se num estado de guerra”.
“Tentamos encontrar um meio-termo porque somos vizinhos, mas instruímos o exército tailandês para agir imediatamente em caso de emergência”, afirmou.
Reunião de emergência na ONU
A pedido do primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deverá realizar uma reunião de emergência em Nova Iorque, esta sexta-feira.
Os Estados Unidos, um aliado de longa data da Tailândia, afirmaram estar preocupados com a escalada do conflito e apelaram ao fim imediato das hostilidades no sudeste asiático. A França, a União Europeia e a China também já apelaram ao diálogo e ao fim do conflito. O conflito remonta a mais de um século, quando as duas nações do sudeste asiático traçaram a sua fronteira após o fim da ocupação francesa do Camboja.
Embora em 2013 o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão jurisdicional da ONU, tenha atribuído ao Camboja a zona contestada abaixo do templo Preah Vihear, o traçado de outras zonas continua a opor Banguecoque e Phnom Penh.
Ambos os lados se culpam mutuamente pelo início do conflito. A Tailândia acusou o Camboja de atacar deliberadamente civis e o Camboja condenou a Tailândia pelo uso de munições de fragmentação.
Os confrontos desta quinta-feira ocorreram depois de a Tailândia ter convocado o seu embaixador no Camboja na noite de quarta-feira e anunciado que iria expulsar o enviado do Camboja em Banguecoque, depois de um segundo soldado tailandês, no espaço de uma semana, ter perdido um membro numa mina terrestre que Banguecoque alegou ter sido recentemente colocada na área disputada.