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Os cientistas identificaram cinco perfis de sono diferentes, cada um associado a padrões de atividade cerebral e sintomas de saúde mental específicos.

Investigações anteriores já haviam encontrado associações entre o sono e a cognição, a saúde mental e condições físicas, como as doenças cardíacas. Porém, esses estudos analisaram frequentemente a relação apenas com um aspeto do sono, como a sua duração ou qualidade.

Na tentativa de ter uma abordagem mais geral, um novo estudo, publicado na semana passada na PLOS Biology, analisou a associação entre sete fatores diretamente relacionados com o sono  e 118 outros fatores, incluindo cognição, consumo de substâncias e saúde mental.

Como detalha a New Scientist, para esta investigação foram feitos testes cognitivos, inquéritos sobre o sono e exames cerebrais, a 770 adultos saudáveis com idades entre 22 e 36 anos, nos EUA.

A partir destes dados, foram identificados cinco perfis distintos de sono.

Identifica-se com algum?

O primeiro foi caracterizado por um padrão geral de sono fraco — maiores perturbações do sono, menor satisfação com o sono e maior tempo para adormecer — e pior saúde mental, com sintomas de depressão e ansiedade, bem como raiva, medo e stress.

As imagens cerebrais das pessoas deste grupo mostraram diminuição da conectividade entre redes envolvidas na auto-reflexão, como a rede temporoparietal, e aquelas responsáveis pela atenção e pelas tarefas, como as redes somatomotora e de atenção dorsal.

Isto pode indicar perturbações na capacidade do cérebro de alternar entre o mundo interior e o mundo exterior. Por exemplo, pessoas nesta categoria podem ruminar sobre os seus pensamentos e sentimentos, em vez de se concentrarem no ambiente que as rodeia.

As pessoas no segundo perfil de sono também apresentaram sinais de pior saúde mental, particularmente relacionados com falta de atenção, mas sem dificuldades de sono. Pelo contrário, tinham um sono globalmente decente.

As pessoas que se enquadram neste perfil também não apresentaram os padrões de conectividade cerebral observados no primeiro grupo, o que sugere que esses padrões estão especificamente relacionados com problemas de sono, e não com a saúde mental em geral.

O terceiro perfil revelou uma relação entre o uso de auxiliares de sono — como medicamentos prescritos ou até chás promovidos como ajudando ao sono — e pior memória e reconhecimento emocional, isto é, a capacidade de identificar o estado emocional de alguém através de pistas como expressões ou linguagem corporal.

Isto pode explicar porque é que as pessoas que se enquadram neste perfil tinham diminuição da conectividade em regiões cerebrais envolvidas na visão, memória e emoção.

O quarto perfil distinguiu-se por dormir menos de 7 horas por noite, o valor recomendado como mínimo. Isto foi associado a pior precisão e maior tempo de reação em testes cognitivos que mediam o processamento emocional, a linguagem e as competências sociais.

Este perfil foi associado a comportamentos mais agressivos e a aumento da conectividade entre redes cerebrais. Segundo a New Scientist, estudos anteriores sobre privação de sono encontraram aumentos semelhantes de conectividade, sugerindo que isto é indicativo de dívida de sono.

A agressividade também surgiu no quinto perfil, que se caracterizava por perturbações do sono, como acordar várias vezes durante a noite.

Estas perturbações estavam associadas a pior processamento linguístico e memória de trabalho, bem como a sinais de pior saúde mental, incluindo sintomas de ansiedade e abuso de substâncias.

Nem todos os participantes se enquadraram perfeitamente num único perfil, explicou, à New Scientist, a líder da investigação Valeria Kebets, da Universidade de Concordia, em Montreal (Canadá). Também haverá uma proporção significativa de pessoas que experimentam regularmente sono de boa qualidade.


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