O Alzheimer é o tipo mais comum de demência e representa um dos principais desafios da saúde pública mundial. A doença, de evolução lenta e progressiva, compromete a memória, o raciocínio e a autonomia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 57 milhões de pessoas vivem hoje com algum tipo de demência, sendo que a maioria tem Alzheimer.
No Brasil, o número de casos varia conforme a fonte: o Ministério da Saúde estima 1,2 milhão de pessoas diagnosticadas, enquanto o Relatório Nacional sobre Demência, divulgado em 2024, aponta cerca de 1,8 milhão. A OMS projeta que, até 2050, o total global de casos de demência deve chegar a 150 milhões.
Sintomas e diagnóstico
De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros sinais de Alzheimer incluem perda de memória recente, dificuldade para aprender algo novo, desorientação no tempo e no espaço, além de mudanças de humor e comportamento. O diagnóstico é clínico e por exclusão, feito após descartar outras causas que podem afetar a cognição, como distúrbios da tireoide ou carência de vitamina B12.
A doença não tem cura, mas o diagnóstico precoce ajuda a retardar a progressão dos sintomas e a melhorar a qualidade de vida do paciente e da família.
Por que afeta mais mulheres
Um estudo publicado em 2024 na revista Nature Mental Health analisou diferenças biológicas e sociais que tornam as mulheres mais vulneráveis à doença. A pesquisa mostrou que o alelo APOE ε4, associado ao risco genético para Alzheimer, tem efeito mais intenso no sexo feminino.
Além disso, fatores hormonais — como a queda de estrogênio na menopausa —, maior prevalência de depressão e distúrbios do sono, e desigualdades educacionais e cognitivas acumuladas ao longo da vida contribuem para esse quadro. O estudo também destaca que as mulheres vivem mais e são maioria entre as pessoas idosas, o que aumenta a exposição ao risco.
Situação no Brasil
Cerca de 100 mil novos casos de demência são diagnosticados por ano no país, segundo o Ministério da Saúde. Estima-se, porém, que 80% dos casos ainda não sejam identificados, o que atrasa o início do tratamento. Em junho de 2024, foi sancionada a Lei de Cuidados e Proteção à Pessoa com Demência, que estabelece diretrizes nacionais para atenção integral à doença e apoio aos cuidadores.
Setembro é o Mês Mundial do Alzheimer, iniciativa da OMS e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para combater o estigma e promover o diagnóstico precoce. A campanha de 2025, adotou o tema “Pergunte sobre Alzheimer. Pergunte sobre demência.” promovendo o diálogo, o esclarecimento de dúvidas e o combate ao estigma.
Desafio crescente
O Alzheimer é hoje a sétima principal causa de morte no mundo, de acordo com a OMS. Além do impacto na saúde, a doença impõe um custo econômico elevado: em 2019, as despesas globais com demência foram estimadas em US$ 1,3 trilhão, metade delas relacionadas ao cuidado informal prestado por familiares.
Especialistas ressaltam que o envelhecimento populacional e o subdiagnóstico tornam urgente o fortalecimento das políticas públicas voltadas à prevenção, diagnóstico e cuidado com as pessoas com demência.
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🎯 Principais sinais e sintomas do Alzheimer
1. Perda de memória recente: A pessoa começa a esquecer informações recém-aprendidas, compromissos, nomes e conversas. É o sintoma mais comum nas fases iniciais.
2. Dificuldade para realizar tarefas cotidianas: Atividades simples, como cozinhar, pagar contas ou organizar documentos, passam a ser um desafio.
3. Desorientação no tempo e no espaço: O indivíduo pode se perder em lugares familiares ou confundir datas, horários e estações do ano.
4. Problemas de linguagem e comunicação: Dificuldade em encontrar palavras, repetir frases ou interromper raciocínios no meio das conversas.
5. Julgamento e tomada de decisão prejudicados: Tendência a tomar decisões incoerentes, como vestir roupas inadequadas ao clima ou gastar dinheiro de forma atípica.
6. Alterações de humor, personalidade e comportamento: Apatia, irritabilidade, ansiedade, desconfiança e isolamento social são frequentes, mesmo em pessoas antes sociáveis.
7. Dificuldade de concentração e raciocínio: A perda de foco e a lentidão para resolver problemas aparecem logo nas fases iniciais da doença.
8. Repetição de perguntas ou histórias: Repetir várias vezes o mesmo assunto é um dos sinais mais característicos.
9. Dificuldade de reconhecer pessoas e lugares familiares: Com o avanço da doença, o paciente pode deixar de reconhecer familiares próximos e o próprio ambiente doméstico.
10. Perda de iniciativa e motivação: A pessoa deixa de demonstrar interesse por atividades que antes gostava e pode negligenciar a higiene pessoal.
11. Alterações no sono: Trocar o dia pela noite, insônia e sonolência excessiva são sintomas comuns, especialmente em fases intermediárias.
12. Dificuldades motoras e de coordenação: Nos estágios avançados, surgem problemas para caminhar, engolir ou manter o equilíbrio.
Fonte: National Institute on Aging e a Alzheimer’s Association