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Cientistas identificam a “pobreza de tempo” como um fator de risco muito relevante para doenças como o Alzheimer.

Um novo estudo sugere que a falta de tempo, ou “pobreza de tempo”, pode ser um fator de risco para a demência tão relevante quanto a dieta e o exercício físico.

A investigação, publicada na The Lancet Healthy Longevity, analisou dados de estudos de epidemiologia, neurologia e uso do tempo. Os resultados indicam que os indivíduos estudados que não conseguem dedicar tempo suficiente ao autocuidado têm maior probabilidade de desenvolver demência em comparação com aqueles que dispõem de tempo para cuidar da sua saúde.

As evidências sugerem que são necessárias pelo menos 10 horas por dia para atividades essenciais à saúde cerebral, incluindo sono, refeições, atividade física e interação social, de acordo com a coautora do estudo, Simone Reppermund, citada em comunicado da Universidade de New South Wales.

O estudo baseia-se em fatores de risco identificados anteriormente pela Lancet Commission em 2024, que incluíam variáveis como menor nível de escolaridade na infância, hipertensão, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo e interação social limitada. Os investigadores sublinham que um fio condutor que liga muitos destes riscos é precisamente o tempo.

Comportamentos saudáveis exigem recursos temporais: tempo para preparar refeições nutritivas, para exercitar o corpo e para manter relações sociais. Sem tempo suficiente, a eficácia das recomendações tradicionais de saúde pública pode ser limitada.

Os investigadores alertam que intervenções focadas apenas no comportamento individual podem não ajudar quem enfrenta maiores limitações de tempo. A sobrecarga digital foi também identificada como um contributo moderno para a pobreza de tempo.

Para enfrentar estes desafios, o grupo defende reformas nas políticas laborais e de saúde, promovendo a “justiça temporal”, que implica medir e redistribuir o tempo de forma mais equitativa. Medidas possíveis incluem investimentos em transportes públicos para reduzir os tempos de deslocação, horários de trabalho mais flexíveis, políticas de direito a desligar e serviços de acolhimento infantil acessíveis.


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