Um dos casos criminais mais comentados das últimas décadas, o desaparecimento de Madeleine McCann se deu no dia 3 de maio de 2007, quando ela tinha apenas três anos de idade, enquanto passava férias com os pais em um resort na Praia da Luz, no Algarve, em Portugal.
Até hoje, o destino da menina segue incerto — há quem acredite que ela está morta desde 2007; enquanto outros pensam que ela pode estar viva em algum lugar —, e as investigações continuam abertas em vários países.
No último mês, o caso de Madeleine McCann teve mais um de seus vários capítulos concluídos, se relacionando principalmente à polonesa Julia Wandelt, que vem sustentando há anos que acredita ser a própria Madeleine. Confira a seguir as últimas atualizações desse caso:
Madeleine McCann – Reprodução
Um desenrolar recente curioso sobre o caso é que Wandelt foi acusada de realizar crime de stalking, perseguindo os pais e irmãos de Madeleine. Ela teria cometido o crime em conjunto com uma suposta cúmplice, Karen Spragg, entre junho de 2022 e fevereiro deste ano, com tentativas de estabelecer contato com Kate McCann, mãe de Madeleine, realizando até 60 ligações em um único dia; e até mesmo implorando para ser reconhecida como filha.
Além disso, ela também é acusada de ter enviado imagens à irmã mais nova de Madeleine, Amelie, tentando convencê-la sobre um suposto parentesco; e ainda visitar à residência da família McCann em Leicestershire em pelo menos duas ocasiões no ano passado, enviar vários e-mails e mensagens via WhatsApp e Instagram a eles.
Julia Wandelt e Madeleine McCann – Reprodução/Youtube/Dr Phil e Metropolitan Police
Desde que Julia Wandelt alegou ser Madeleine McCann, várias evidências discordam de tal suposição. Inclusive, ela já se submeteu a análises de DNA, que já teriam descartado essa possibilidade. Os primeiros exames foram divulgados em abril de 2023, e mostraram que ela é realmente de origem polonesa, com ascendência lituana e romena; logo, sem qualquer relação com os McCann.
Ainda assim, ela seguiu insistindo em sua versão da história, alegando que novos testes comprovariam semelhanças genéticas com Madeleine. Essa insistência levou o caso de volta aos tribunais, e o promotor Michael Duck, em certo momento, reforçou não haver dúvidas de que a polonesa não era Madeleine. Ao ser confrontada com as provas, ela questionou por que estavam fazendo isso com ela enquanto chorava, e até precisou ser retirada da sala por alguns instantes.
No Tribunal da Coroa de Leicester, a irmã de Madeleine, Amelie McCann, declarou que “sempre soube” que Julia Wandelt realmente não era sua irmã. Ela mencionou ter recebido diversas mensagens em que a polonesa afirmava ser Madeleine, descrevendo supostos “flashbacks de infância”, pedindo testes de DNA e mencionando lembranças inventadas.
Foi assustador e angustiante”, disse Amelie em depoimento remoto. “É perturbador que ela esteja criando essas memórias mesmo não sendo Madeleine“.
Ela também contou ter recebido fotos alteradas digitalmente para se parecer com a garota desaparecida, e que as mensagens que recebia tinham um “tom de desespero”, se tornando tão intensas que Amelie bloqueou a polonesa. “Sempre soube que ela não era minha irmã, então não havia necessidade. Ela tentava brincar com minhas emoções”, acrescentou Amelie.
Além de Madeleine, vale mencionar que Wandelt já demonstrou um histórico conturbado em relação a casos de crianças desaparecidas. No passado, ela já disse ser outras meninas desaparecidas, argumentando ter perdido suas memórias de infância. Especialistas sugerem que ela pode ter algum tipo de transtorno dissociativo.
Por isso, após a mais recente análise genética de Julia Wandelt, que apontou que ela tinha apenas 70% de seu DNA compatível com Madeleine, o tribunal finalmente colocou um ponto final no capítulo da garota desaparecida, relacionado à polonesa. Ela definitivamente não é Madeleine McCann.
Fotografia oficial de Christian Brueckner / Divulgação/Interpol
Quanto ao responsável pelo desaparecimento de Madeleine, o principal suspeito foi Christian Brueckner, que recentemente foi libertado da prisão. Porém, declarações recentes do ex-ministro da Justiça da Bélgica, Marc Verwilghen, indicam que a menina desapareceu somente três dias após autoridades belgas emitirem um alerta em toda a Europa sobre uma possível ação de uma rede criminosa internacional que planejava o sequestro de uma criança pequena.
Vale mencionar que Verwilghen foi decisivo nas investigações sobre o assassino em série Marc Dutroux, e ele acredita que o caso de Madeleine pode ter relação com alguma quadrilha de tráfico de menores. “Nunca tive acesso aos arquivos de Madeleine McCann. Tudo o que posso dizer é que, assim que soube do caso, tive um déjà vu — porque me lembrou imediatamente de Dutroux. Quando se analisa o caso, é claro que é possível que Madeleine tenha sido roubada por encomenda. O alerta enviado parece ter vindo da polícia belga e deveria ter sido levado a sério”, afirmou.
“A inteligência sugere que uma rede de pedofilia na Bélgica fez uma encomenda de uma jovem três dias antes do sequestro de Madeleine McCann. Alguém ligado a esse grupo viu Maddie, tirou uma foto dela e a enviou para a Bélgica. O comprador concordou que a garota era adequada e Maddie foi levada”, complementou Verwilghen.
Éric Moreira é jornalista, formado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Passa a maior parte do tempo vendo filmes e séries, interessado em jornalismo cultural e grande amante de Arte e História.