Com pouco mais de 20 anos, o jovem William Byrne já era um dos mais perigosos barões de droga da Escócia. Sem sujar as mãos, assumiu o “papel principal” numa rede de tráfico de droga e conseguiu acumular milhões (de libras) ao longo de vários anos. Para escapar à justiça, fugiu do Reino Unido e estava escondido em Boliqueime até ser detido na terça-feira pela Polícia Judiciária.

“A Polícia Judiciária, através da Diretoria do Sul, localizou e deteve, em Boliqueime, um dos homens mais procurados no Reino Unido e sobre o qual recaem fortes suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa e de tráfico ilícito de estupefacientes. (…) Na atividade criminosa no Reino Unido, são ainda conhecidos episódios de violência e fuga às autoridades com tentativas de atropelamento”.

A relação com Portugal era antiga. Antes desta passagem recente pelo sul de Portugal, William “viajava muito para Lisboa”, apurou o Observador junto de fonte da PJ. As autoridades acreditam que o barão, agora com 40 anos, chegou ao Algarve há cerca de dois anos.

“Suspeita-se de que (…) lideraria a organização desde Portugal (…). Pensamos que estaria cá, agora nesta fase, escondido, (…) porque sabia que tinha um mandado de detenção no seu país e tinha mandado detenção internacional. Seria esta a primeira razão para estar aqui”, disse em declarações aos jornalistas o diretor da Diretoria do Sul da PJ, Fernando Jordão.

PJ detém no Algarve “um dos homens mais procurados” no Reino Unido. É suspeito de liderar rede internacional de tráfico de droga

Nos últimos 20 anos, o escocês — que chegou a viver numa casa de 400 mil euros, apesar de declarar poucos vencimentos — também se dedicou à venda de armas e chegou a liderar uma associação de cães que foi investigada por criação ilegal para venda.

“Estamos a falar de uma pessoa que liderava um grupo de tráfico de droga, nomeadamente cocaína e haxixe, também alguma heroína, e que se representava, ou que se relacionava, com outros grupos que possivelmente atuavam noutros países europeus, também nesse âmbito”, acrescentou o diretor Fernando Jordão.

Quando foi intercetado, o barão tentou uma última vez evitar a detenção e, sabe o Observador, procurou fugir. Porém, quando se tornou evidente para William Byrne que seria impossível escapar à detenção, não ofereceu resistência.

Nascido na cidade costeira de Wemyss Bay, a 50 quilómetros de Glasgow, William começou a fazer manchetes na imprensa local em 2009, quando foi detido. Tinha então 25 anos e era um dos principais alvos de uma grande investigação da agência de combate ao crime e tráfico de droga escocesa (SCDEA, na sigla em inglês).

Mais de um ano depois, foi condenado em tribunal, onde assumiu o seu envolvimento numa rede de tráfico de droga, com negócios que ocorreram entre janeiro e agosto de 2008. Mas, para os investigadores, William não era apenas mais um no esquema — ele desempenhava o papel principal. “Esteve envolvido no fornecimento de cocaína durante mais de sete meses, e fê-lo por dinheiro. (…) Era, obviamente, o ator principal, apesar de o seu histórico até agora ser pequeno”, disse-lhe o juíz Hugh Matthews, citado pela BBC, durante a leitura da sentença.

As autoridades não têm dúvidas do maior envolvimento de William na rede de tráfico, mas a sua posição discreta tornava-o um alvo mais inacessível para a investigação. “Era pouco provável ele ser encontrado na posse de qualquer quantidade substancial de drogas”, disse um investigador em tribunal.