A inteligência artificial (IA) tem se tornado uma grande aliada em vários setores, incluindo a saúde, com análise de diagnósticos. Um estudo da Universidade de Waseda mostrou que a ferramenta já é capaz de identificar casos de depressão observando as expressões faciais dos pacientes.

Publicados na revista científica Scientific Reports em agosto deste ano, os resultados mostram que pessoas com depressão subliminar — quase imperceptível pelas expressões faciais — possuem leves traços expressivos que boa parte das pessoas julga como normais, mas a IA já consegue identificar como possível quadro da doença mental.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa doença atinge mais de 300 milhões de pessoas e, até 2030, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.

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Voluntários vs. IA identificando quadros de depressão

O estudo da universidade japonesa pediu para 64 estudantes universitários gravarem vídeos de autoapresentação de 10 segundos para que outros 63 classificassem suas impressões sobre os vídeos. Ao segundo grupo, caberia avaliar se os colegas eram expressivos, naturais, amigáveis e/ou simpáticos.

Além disso, ambos os grupos completaram o Inventário de Depressão de Beck-II (BDI-II), utilizado para a identificação de quadros depressivos em estudos científicos.

Os resultados mostraram que pessoas caracterizadas com depressão pelo BDI-II raramente foram mencionadas pelos estudantes como pouco expressivas ou simpáticas.

Ao mesmo tempo, o sistema de IA OpenFace 2.0, uma ferramenta automatizada de análise facial, fez as mesmas análises dos vídeos e registrou maior presença e/ou intensidade de algumas expressões sutis que estavam ligadas à depressão.

Algumas delas eram a forma como os alunos do vídeo mexiam as sobrancelhas, pálpebras, lábios e o nível de abertura da boca.

Em geral, as descobertas sugerem que a depressão subliminar está associada a alterações na expressividade facial, particularmente em expressões positivas, embora não influencie significativamente a forma como os outros percebem essas expressões.

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No entanto, o estudo destaca que possui várias limitações, visto que foi realizado sem avaliação clínica dos participantes que comprovasse a depressão. Além disso, a especificidade cultural da amostra (graduandos japoneses) pode limitar a generalização para outras sociedades, que podem ter outras normas de expressividade.

Ainda assim, a pesquisa é importante para evidenciar a importância que a IA terá em relação a saúde mental no futuro próximo.