José Ramos, o defensor oficioso nomeado na terça-feira para representar José Sócrates na sequência da renúncia de Pedro Delille, admitiu à entrada do tribunal antes do início da 34.ª sessão do julgamento do processo Operação Marquês que ainda não conseguiu falar com o ex-primeiro-ministro nem com o seu anterior mandatário.
“Ainda não falei [com José Sócrates]. Se tiver constituído um advogado, eu sairei e ele ficará com o advogado que constituir. Mas eu fiz diligências para o contactar. Contactei o anterior colega e mandei-lhe um email. Até agora, que eu tenha visto, não. Também mandei às onze da noite, só se chegou já durante a noite”, afirmou José Ramos aos jornalistas.
Questionado se ainda acreditava que a juíza Susana Seca recuasse na recusa de conceder o prazo de 48 horas que pediu para consultar os autos, José Ramos admitiu não ter essa expectativa, mas lembrou que o despacho da magistrada é recorrível.
“Naã sei, mas já não acredito. Isto ainda é recorrível e podem fazer-se aqui algumas coisas. Admito recorrer, mas terá de ser analisado com mais calma”, frisou.
Na véspera, José Ramos compareceu na sala de audiência para assegurar a defesa de José Sócrates, após a comunicação da renúncia de Pedro Delille à defesa do ex-primeiro-ministro, devido ao desentendimento com a juíza presidente na semana passada. O defensor oficioso chegou a pedir 48 horas para consultar o processo, mas essa pretensão foi recusada.
Apesar dessa circunstância e mesmo sem conhecer os autos, José Ramos não se coibiu de colocar algumas questões ao antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha, que depôs como testemunha na sessão de terça-feira. Entre as questões ao ex-governante, o defensor oficioso procurou, por exemplo, perceber como é que Campos e Cunha teria mostrado o seu desagrado e as suas divergências a José Sócrates até à demissão em julho de 2005, se alegava em tribunal que “não conseguia falar” com o antigo primeiro-ministro.