No despacho proferido esta terça-feira, a juíza-presidente do coletivo, Susana Seca, determinou também o termo do mandato do advogado oficioso anteriormente nomeado para defender José Sócrates, na sequência da renúncia, a 4 de novembro, de Pedro Delille.

O advogado oficioso, entretanto dispensado pelo antigo primeiro-ministro, já reagiu. “Eu fiz o meu trabalho e acho que o fiz bem”, afirmou.

O antigo primeiro-ministro recusou José Ramos, afirmando que este advogado, cego, não o poderia representar por não ser capaz de acompanhar a exibição de documentos. O advogado garante não estar ofendido com as declarações de Sócrates e considera que o cliente “não mostra muito conhecimento”: “É uma afirmação natural, como qualquer outra”.O advogado não comentou as críticas de Sócrates e disse apenas que existe “liberdade de expressão em Portugal”. “Cada um diz aquilo que entende”.

Sobre a decisão de suspensão do julgamento, José Ramos respondeu aos jornalistas que o tribunal considerou que o “assunto era complexo e que suscitava algumas dúvidas”, decidindo por isso “inverter a situação” até porque José Sócrates anunciou que iria apresentar outro advogado.

José Ramos assumiu ainda estar confortável com a decisão.



“Cumpri o meu serviço, aquilo para que fui nomeado
“, disse à porta do Campus de Justiça, embora tenha sido “muito difícil” contactar com o cliente.




“Eu mandei-lhe uma carta”
, admitiu. “Tem sido difícil [entrar em contacto]”, repetiu.

O antigo primeiro-ministro e principal arguido no processo Operação Marquês pediu na segunda-feira à juíza-presidente do julgamento, em requerimento, para acabar com o que chama de “degradante espetáculo” de ter um advogado que não escolheu.
“Eu é que escolho o meu advogado”

Na sequência da renúncia do seu advogado, Pedro Delille, o tribunal ordenou a nomeação de um advogado oficioso para assegurar a defesa do ex-governante. E numa carta dirigida à juíza, a que a RTP teve acesso, Sócrates contestou a nomeação do advogado oficioso. Decisão tomada pelo tribunal após a renúncia do seu advogado.

O antigo governante exortou assim Susana Seca a acabar “com o lamentável e degradante espetáculo de ver na televisão alguém que reclama” ser seu advogado. “Sem que alguma vez lhe tenha conferido qualquer mandato”, vincou José Sócrates.

“É uma situação que muito me desagrada e que, insisto, deve cessar imediatamente – se tenho vinte dias para escolher novo advogado, por favor poupem-me à penosa encenação de ver alguém falar em meu nome contra a minha vontade, dando expressão pública à continuada caricatura de abusos em que este processo se tornou fértil”, reforçou.

“Eu é que escolho o meu advogado”, sublinha Sócrates no requerimento.


O antigo primeiro-ministro alegou ainda que a defesa não pode ser acautelada por um causídico que não esteja a par do processo e sem tempo suficiente para o estudar, ou sem condições para seguir, em audiência, a exibição de documentos.