O partido Solidariedade Europeia, uma das principais forças da oposição da Ucrânia, bloqueou fisicamente a votação que iria confirmar a demissão dos ministros da Energia e da Justiça implicados na investigação de uma alegada teia de corrupção e tráfico de influências em empresas estatais, entre as quais a empresa nuclear Energoatom, noticiou a Reuters. Para os deputados desta força política, todo o governo deve ser demitido e não apenas estes dois responsáveis.

Na sessão desta terça-feira, vários deputados do partido da oposição liderado pelo ex-Presidente Petro Porosshenko impediram que o presidente do parlamento chegasse ao púlpito e seguravam cartazes que diziam “Qual é o preço da escuridão?”. O impasse obrigou a que a sessão fosse suspensa e que uma nova votação fosse adiada para quarta-feira.

A ministra da Energia, Svitlana Hrynchuk, entregou a sua carta de demissão na semana passada, negando ainda assim haver algum tipo de “violação da lei”. Já o seu antecessor, German Galushchenko, que entretanto assumira a pasta da Justiça, fora suspenso das suas funções na quarta-feira passada. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tinha apelado a que ambos saíssem dos cargos no executivo liderado por Yulia Svyrydenko e dito que quereria “limpar” a Energoatom.

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Do lado do partido de Volodymyr Zelensky, o Servo do Povo, a ação mereceu fortes crítica de deputados, que acusaram a oposição de impedirem que o parlamento funcione. “Enquanto alguns ladrões fogem e se escondem, outros, políticos populistas, fazem espetáculo”, atacou o deputado Danylo Hetmantsev.

Já Poroshenko diz que o caso tem de ser resolvido, num momento em que a Ucrânia “está a experienciar a maior ameaça à sua existência”, referindo-se à Guerra na Ucrânia. “Agora é necessário resolver a questão da confiança do povo ucraniano no governo, na Verkhovna Rada [Parlamento]. A questão é a confiança dos parceiros no Estado da Ucrânia.”, afirmou o ex-presidente.