Comprar um descapotável, fazer uma operação estética, arranjar amantes… Parece que as crises de meia-idade vão deixar de ser uma desculpa para essas práticas.
A meia-idade é comummente associada à insatisfação, criando uma “curva de infelicidade” entre a juventude e a velhice.
No entanto, um estudo publicado esta quarta-feira na PLOS One revelou que isso já não acontece.
A nova investigação prova que a curva da infelicidade já não existe… não porque as pessoas sejam agora mais felizes na meia-idade, mas sim porque a insatisfação chega antes, na juventude.
Alex Bryson, autor correspondente do estudo, da University College London, disse à New Scientist que os jovens são menos felizes do que costumavam ser. Ou seja, as crises são antecipadas.
“Constatámos que o stress tem vindo a aumentar entre a maioria das pessoas com menos de 40 anos, e aumenta muito mais rapidamente quanto mais baixa for a faixa etária. Por isso, vemos uma inclinação da angústia ao longo do tempo, com os mais jovens a ficarem cada vez mais angustiados”, explica.
Um estudo de 2020, baseado em dados de 145 países, sugere que as pessoas são mais felizes até aos 30 anos e depois dos 70, com o pico de infelicidade nos 50.
Agora, com base em dados de inquéritos nacionais sobre saúde mental nos EUA, que envolveram 10 milhões de adultos entre 1993 e 2024, e no Reino Unido, que analisaram 40.000 agregados familiares entre 2009 e 2023, o novo estudo teoriza que, hoje em dia, o pico da infelicidade já não existe.
Para atestar se esta era regra geral em todo o mundo, os investigadores recorreram aos dados do Global Minds, um projeto de investigação sobre saúde mental realizado desde 2020 em cerca de 2 milhões de pessoas em 44 países, incluindo os EUA e o Reino Unido.
Descobriu-se que, em todas as nações estudadas, a curva da infelicidade foi substituída por uma linha gradualmente descendente, logo a começar na juventude, gerando uma curva menos acentuada na meia-idade.
Isso quer dizer que as pessoas na meia-idade são agora mais felizes do que eram? “Absolutamente não!”, diz Bryson. “As coisas pouco mudaram para essas pessoas. As mudanças na (in)felicidade estão agora na metade inferior da distribuição etária”, acrescentou.
Parece que está encontrada uma desculpa para comprar um descapotável, fazer operações estéticas ou arranjar amantes antes de chegar à meia-idade.