Depois da defesa de Cid, falaram perante o coletivo os advogados de Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça). Na sua intervenção Jair Alves Pereira declarara: “Certamente será alvo nas próximas sustentações orais que Mauro Cid foi coagido”. A previsão não se revelou completamente errada, dada a preponderância que as questões técnicas têm nas alegações da defesa.

Porém, as equipas de defesa não se limitaram a pedir a anulação pela alegada coação de Cid: elencaram o facto de não incluir os seus clientes ou o facto de quererem a utilização de provas “independentes”. Mas as críticas técnicas da defesa não se limitaram ao testemunho de Mauro Cid.

Um dos momentos mais tensos na sessão da tarde acabaria por pertencer a Demóstenes Torres, advogado de Almir Garnier. O advogado começou a sua intervenção, como os seus pares, com um elogio a cada magistrado — Bitencourt chegara mesmo a dizer que o juiz Luiz Fux é “amoroso”. Contudo, o elogio ao presidente da secção, Cristiano Zanin, incluía, tal como destaca a BBC, uma referência a uma das críticas mais frequentes que lhe são feitas: o facto de, enquanto advogado, ter defendido Lula da Silva durante o julgamento da Operação Lava Jato e, anos mais tarde, ter sido nomeado para o STF precisamente por Lula da Silva. “Vossa excelência soube, com denodo, persistência, buscar esse seu apogeu na advocacia e isso, talvez, tenha facilitado, ou melhor, o indicado para ocupar esse altíssimo e honrado posto de ministro do STF”, declarou.

O resto da sessão decorreu sem sobressaltos: as defesas apontaram a ausência dos réus em grupos de Whatsapp, reuniões ou mesmo o facto de não estarem no Brasil durante os ataques do 8 de janeiro como prova do seu não envolvimento na alegada tentativa de golpe de Estado e desvalorizaram declarações públicas contra o processo eleitoral como comentários isolados que não dão as acusações como provadas, sem margem de dúvida.

A segunda sessão do julgamento decorre esta quarta-feira, com as alegações finais da defesa de Augusto Heleno, (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil). As três últimas intervenções destacam-se das restantes por motivos separados: Bolsonaro é acusado de ter liderado o núcleo; Nogueira exige a absolvição alegando que tentou evitar a concretização do plano e Braga Netto é o único dos acusados a quem foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva e está a aguardar julgamento no Rio de Janeiro.