O grupo Torel acaba de inaugurar o primeiro hotel nos Açores e quer trazer um novo segmento de turismo para o arquipélago com “valor acrescentado”. O Torel Terra Brava fica no centro histórico de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e resulta da remodelação do anterior hotel Zenith, num investimento 2,2 milhões de euros, avança à Fugas o CEO do grupo, João Pedro Tavares, que confessa ter sido atraído pela cidade Património Mundial. “É uma característica única e foi intuitivo estar em Angra. Não há hotéis como este aqui, mas a oferta tem de vir antes da procura.”

Quando cá chegou, o empresário, que abriu o primeiro hotel há 12 anos em Lisboa, confessa que não se “identificou com nada” do que havia na anterior decoração — que tinha ficado a cargo da madeirense Nini Andrade Silva — e convocou a Nano Design do Porto, com que já tinha trabalhado no Torel 1884, bem como o arquitecto José Parreira, que tinha assinado a recuperação do edifício histórico (um solar da época dos Descobrimentos, tal como a maioria das casas nesta cidade).

Agora são 44 quartos (menos do que antes), de maiores dimensões, sendo que 11 são suítes (preços a partir dos 140 euros/noite). Dividem-se em nove tipologias, destacando-se os quartos com banheira ou com jacuzzi, bem como os que se debruçam sobre a malha de Angra e com vista para o mar. O Terra Brava também é um cinco estrelas, apenas o segundo da ilha nesta categoria (além do Angra Marina Hotel) e mais do que duplicou a equipa, mantendo todos os funcionários do anterior proprietário — agora são 36 trabalhadores.

Esse tem sido o maior desafio: contratar equipa. João Pedro Tavares queixa-se da falta de mão-de-obra na ilha. “Temos dado prioridade a residentes, antes de começarmos a contratar fora”, explica. O restaurante Três ainda não abriu para jantares por falta de equipa, mas é lá que servem os pequenos-almoços com produtos locais, como a massa sovada, o queijo ou as compotas, em louças Cerâmicas Vieira da Lagoa. As refeições, por agora, servem-se no bar BotaniQ, onde está montada uma pequena destilaria para produzir essências açorianas para cocktails.




Restaurante Três
Luis Ferraz

O conceito foi pensado à volta dos quatro elementos da Natureza — fogo, água, ar e terra — que dão mote a cada um dos pisos do hotel. Os quartos são decorados de acordo com o tema em tons próximos da Natureza e têm nomes como Caldeira, Magma, Cachalote ou Basalto. Todos têm amenities produzidas pela empresa micaelense de cosméticos Bam & Boo, que o grupo faz saber que pretende levar a outros hotéis boutique no continente.

Já o spa será o Cala com duas salas de tratamento, além da piscina interior, completada com sauna e banho turco. Ainda falta chegar algum do material que vai permitir abrir a hóspedes e terceirenses o espaço, que terá gestão de uma equipa local, mas com as directrizes dos restantes spas do grupo Torel, que tem nove hotéis em Lisboa, no Porto, em Guimarães e no Douro.




A zona da piscina exterior
Luis Ferraz

“Uma referência”

João Pedro Tavares não revela metas de ocupação ou de receitas para este primeiro ano, mas explica que é expectável que o investimento milionário venha a ter apoio de fundos europeus — mais abundantes nos Açores por serem considerados uma região ultra periférica. “Temos todos os indicadores que vamos ser uma referência nos próximos anos para contribuir para valorizar este destino único”, declarou o proprietário na inauguração desta segunda-feira.

“A entrada de um grupo hoteleiro nos Açores é sempre uma enorme congratulação”, felicitou a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infra-estruturas, Berta Cabral, que reconhece que é fundamental fixar riqueza nos Açores através de empresários locais, mas que os grupos de fora da região são fundamentais por “levarem o nome dos Açores mais além”. E insistiu: “O crescimento do turismo faz-se desta conjugação.”

Berta Cabral aproveitou para lembrar que o turismo no arquipélago tem crescido a dois dígitos anualmente (12%), mas que o Governo Regional de José Manuel Bolieiro (PSD) está mais focado em consolidar o crescimento em valor. “Temos tido mais proveito do que número de turistas. É um crescimento sustentado e sustentável.”

A responsável pela pasta do Turismo referiu as “experiências” próximas da Natureza e do Património (Angra é protegida como Património Mundial pela UNESCO desde 1983) que se podem encontrar nesta “ilha única”, algo que o Torel Terra Brava quer fazer seu mote. “A hospitalidade é muito mais do que vender quartos, é vendermos recordações e memórias”, termina João Pedro Tavares.

A Fugas viaja a convite do hotel Torel Terra Brava.




O hotel fica a dois passos da baía de Angra
Luis Ferraz