Em janeiro de 2023, aos 115 anos e 321 dias, María Branyas Morera tornou-se a pessoa mais velha do mundo. Mais de um ano depois, aos 117 anos, ela faleceu enquanto dormia. Entretanto, mesmo em seus últimos dias, a mulher apresentava uma saúde considerada boa para a fase da vida em que se encontrava, o que motivou cientistas a estudarem seu corpo. A análise revelou que sua idade biológica era 23 anos mais jovem do que a cronológica.
Descoberta sobre o corpo de Maria Branyas
Durante três anos, o médico do grupo de Epigenética do Câncer do Instituto de Pesquisa de Leucemia Josep Carreras, Manel Esteller, submeteu a idosa a diversos exames, principalmente de sangue, urina, fezes e saliva. Além disso, juntamente com uma equipe de 40 pesquisadores, comparou seu DNA com o de outros indivíduos.
Assim, a principal constatação do estudo foi que as células de Morera se pareciam e se comportavam como as de uma pessoa mais jovem. De acordo com os especialistas, em entrevista à ‘BBC Mundo’, seu corpo tinha, em média, cerca de 23 anos a menos que sua idade cronológica.
Eles ainda ressaltam que o microbioma da mulher — ou seja, as bactérias presentes em seu trato digestivo — era semelhante ao de uma pessoa com menos de 21 anos. O sistema imunológico de María Branyas também funcionava perfeitamente, conseguindo combater bactérias, vírus e inflamações sem atacar as próprias células.
Ademais, em seu material genético, foram encontradas diversas variantes associadas à proteção contra riscos cardiovasculares, demência e câncer. Os estudiosos defendem, então, que a longevidade está muito ligada à herança genética. Isso porque, apesar de não haver centenários em sua família, muitos parentes chegaram aos 90 anos. No entanto, seus hábitos tiveram uma influência ainda mais importante.
“Foi o que ela fez mais tarde com sua vida que lhe deu aqueles quase 30 anos extras de sobrevivência, e isso é muito importante esclarecer: há algum determinismo genético, mas não tanto”, afirmou Esteller.
Afinal, quais eram seus hábitos?
Com o colesterol controlado, baixos níveis de açúcar no sangue e um histórico mínimo de doenças, a idosa conseguiu enfrentar a Covid-19 sem complicações. Aos 115 anos, ela não apresentava sinais de declínio cognitivo, conseguindo se lembrar até de músicas de sua infância.
Pouco antes de falecer, aos 117 anos, Morera sofreu de surdez e dores nos joelhos, que a impediam de andar. No entanto, segundo os especialistas, em comparação com outras pessoas de idades avanças, sua saúde permanecia praticamente intacta. Isso só foi possível, contudo, graças a uma vida baseada em bons hábitos.
Em entrevistas, a mulher revelou que passou por momentos dolorosos, mas sempre focou em cuidar do emocional, dedicar tempo ao lazer e à socialização, além de preservar a qualidade do sono e manter uma alimentação saudável. Ela gostava de ler, caminhar, cuidar do jardim, tocar piano e consumir ao menos três potes de iogurte por dia.
María Branyas também seguia a dieta mediterrânea e nunca fumou nem ingeriu bebidas alcoólicas. Ao site do ‘Guinness World Records’, ela afirmou que sua longevidade resultava de “ordem, tranquilidade, boa conexão com a família e amigos, contato com a natureza, estabilidade emocional, ausência de preocupações e arrependimentos, além de manter uma atitude positiva e evitar pessoas tóxicas”.