Baek Sehee, a autora sul-coreana do best-seller Quero Morrer, Mas Também Quero Comer Tteokbokki, morreu aos 35 anos. A sua morte foi anunciada na quinta-feira pelo NHIS Ilsan Hospital, na Coreia do Sul, e confirmada pela editora. A data e a causa da morte não foram divulgadas.
Baek tinha sido diagnosticada com distimia — um tipo de depressão crónica menos severa mas mais duradoura —, doença que a levou a fazer terapia durante uma década. As sessões deram origem a vários ensaios, publicados num blogue, e a dois livros, segundo a sua editora, a Bloomsbury, citada pelo The Washington Post (WP).
O livro Eu Quero Morrer, Mas Quero Comer Tteokbokki, publicado em 2018, foi descrito pela editora como “parte memórias, parte livro de auto-ajuda”. O texto aborda a sua luta contra a ansiedade e a depressão através das conversas que teve com o seu psiquiatra e o seu constante desejo por comer tteokbokki, um prato coreano feito com bolinhos de arroz refogados num molho picante, considerado uma comida de rua.
O título tornou-se um best-seller na Coreia do Sul, Japão, China, Indonésia e Reino Unido, de acordo com a RCW Literary Agency. Foi publicado em 25 países e vendeu mais de um milhão de cópias. Seguiu-se um segundo volume, Quero Morrer, mas Ainda Quero Comer Tteokbokki. Em Portugal, o primeiro livro foi traduzido pela Guerra e Paz Editora, em 2023.
“Pergunto-me sobre outras pessoas como eu, que parecem totalmente bem por fora, mas estão a apodrecer por dentro, onde a podridão é essa vaga sensação de não estar bem e não estar devastado ao mesmo tempo”, escreveu Baek Sehee no prólogo do seu primeiro livro, cita o WP. “No final, a minha esperança é que as pessoas leiam este livro e pensem: ‘Eu não era a única pessoa que se sentia assim’ ou “‘Agora percebo que há pessoas que vivem com isso’.”
Também a editora britânica sublinha a ligação que os leitores sentem à escrita de Baek Sehee: “Ler os seus livros é querer falar sobre eles. Ela sempre procurou a conexão e queria que as suas palavras fossem de ajuda e consolo. Conseguiu isso e muito mais.” Numa publicação no Instagram, Anton Hur, tradutor do seu romance para inglês, afirma que a escritora tocou “milhões de vidas”. E acrescenta: “Os meus pensamentos estão com a sua família.”
“A minha irmã mais amada, que escreveu e, através dos seus textos, partilhou o seu coração. (…) Sabemos que o seu coração bondoso amou muito e não odiou ninguém, por isso agora pode descansar em paz”, declarou a irmã mais nova da autora, Baek Dahee, num comunicado partilhado pela Agência Coreana de Doação de Órgãos, que avançou ainda que o coração, os pulmões, o fígado e os rins de Baek Sehee foram doados e já salvaram cinco pessoas. A escritora deixa os pais e duas irmãs, a mais velha e a mais nova.
Segundo a Bloomsbury, Baek Sehee nasceu em 1990 em Goyang, na província de Gyeonggi, na Coreia do Sul, e licenciou-se em Escrita Criativa na Universidade de Dongguk, em Seoul, antes de trabalhar durante cinco anos numa editora. Sobrevivem à autora os pais e duas irmãs, a mais velha e a mais nova. No seu site, a editora Guerra e Paz tem já a referência à morte da escritora, com link para o único livro publicado em Portugal.