Barriga da menopausa pode ser combatida com acompanhamento médicoFoto: Imagem gerada por IA/ND
Com a chegada do climatério e da menopausa, o corpo feminino passa por transformações hormonais profundas. A queda do estrogênio desacelera o metabolismo, altera a forma como o corpo distribui gordura e aumenta o risco de obesidade abdominal.
Essa é uma das queixas mais comuns entre mulheres a partir dos 45 anos. A boa notícia é que há formas de reverter esse quadro, até nos casos em que dieta e exercícios parem não fazer efeito.
A endocrinologista e metabologista Elaine Dias, PhD pela USP (Universidade de São Paulo), explica que a reposição hormonal pode ser uma aliada no controle do peso e da saúde metabólica em mulheres na menopausa.
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“A mulher não perde apenas hormônios, ela muda a forma como o corpo processa energia. Isso afeta o peso, o sono, o humor e o risco de doenças. É um momento que pede um olhar mais completo”, aponta.
O que a ciência diz sobre a barriga da menopausa?
O estudo SWAN (Study of Women’s Health Across the Nation) é uma das pesquisas mais abrangentes sobre a saúde feminina na meia-idade. Ele acompanhou mais de 3 mil mulheres de diversas etnias por quase 30 anos.
Segundo a pesquisa, que dura até hoje, a transição para a menopausa, por si só, é um fator independente para o aumento da gordura visceral, mesmo sem que a mulher ganhe muito peso na balança.
Menopausa pode aumentar o ganho de peso Foto: Unsplash/Divulgação/ND
Em outras palavras, não é apenas o envelhecimento que engorda. A queda do estrogênio altera o metabolismo e redistribui a gordura para a região abdominal, tornando-a mais perigosa por envolver órgãos vitais como fígado e pâncreas.
Essa fase também marca uma piora no perfil de colesterol e triglicerídeos, além de um aumento do risco cardiovascular.
Como reverter a gordura abdominal na menopausa?
A médica explica que a combinação de dieta, exercícios e reposição hormonal, quando indicada, é o que realmente faz diferença para perder gordura abdominal na menopausa.
1. Atividade física regular:
- Priorize exercícios de força (musculação, pilates, treino funcional) ao menos 3 vezes por semana;
- Intercale com caminhadas ou atividades aeróbicas leves, que ajudam a preservar a massa magra e o gasto calórico.
2. Alimentação equilibrada:
- Aumente o consumo de proteínas magras, vegetais e fibras;
- Reduza açúcares simples e ultraprocessados;
- Evite dietas restritivas: o corpo já está em ritmo metabólico mais lento e tende a reagir com efeito rebote.
3. Avaliação hormonal individualizada:
- Quando indicada por um médico, a terapia de reposição hormonal (TRH) pode ajudar a equilibrar o metabolismo e diminuir a gordura abdominal;
- O tratamento deve ser personalizado, com exames prévios e acompanhamento regular.
Exercício físico é importante para perder a barriga da menopausaFoto: Pratique/Reprodução/NDQuem NÃO deve fazer reposição hormonal
A TRH não é indicada para todas as mulheres. Segundo a ginecologista Patrícia Marques Cardoso, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, há casos em que o tratamento é contraindicado.
Para quem não é indicado tratamento hormonal:
- Histórico de câncer de mama ou de endométrio;
- Doenças hepáticas agudas ou graves;
- Sangramentos vaginais não esclarecidos;
- Doenças cardiovasculares agudas;
- Lúpus ativo.
Casos que precisam ser avaliados individualmente:
- Endometriose;
- Miomas uterinos;
- Hipertensão descompensada;
- Hipertrigliceridemia;
- Doença hepática crônica.
Desconforto e calor levam à irritação, sintomas comuns que causam sofrimento à mulher durante a menopausaFoto: Reprodução/ND
“Devemos agir com cuidado redobrado em pacientes com histórico de doenças hormonossensíveis. A decisão deve ser compartilhada e acompanhada de perto”, orienta Patrícia.
Quais são os benefícios da reposição hormonal na menopausa?
Os resultados do SWAN e de outros grandes estudos, como o Women’s Health Initiative e as diretrizes da North American Menopause Society (NAMS), indicam que a terapia hormonal, quando usada de forma correta, tem benefícios comprovados.
Além de ajudar a diminuir a gordura abdominal, também reduz o LDL (“colesterol ruim”) e aumenta o HDL (“colesterol bom”). Além disso, melhora na qualidade de vida das pacientes ao reduzir sintomas como fogachos, sono e indisposição.
A médica Elaine destaca que a menopausa não é o fim da vitalidade, mas uma fase que exige atenção integral ao corpo e à mente. Com acompanhamento e conhecimento, é possível passar por esse período com saúde e confiança.
Por isso, agende uma consulta e atualize seus exames. Se notar ganho repentino de peso abdominal, alterações de sono ou irritabilidade, procure um endocrinologista ou ginecologista.