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Novo estudo confirma teoria de 50 anos. Cérebro de quem sofre de esquizofrenia confunde vozes interiores com exteriores.

Uma teoria antiga que procura explicar porque é que as pessoas com esquizofrenia ouvem vozes foi finalmente confirmada.

Investigadores da Universidade de New South Wales demonstraram que as alucinações auditivas ocorrem quando o cérebro interpreta erradamente o discurso interior como se viesse de uma fonte externa.

A ideia, proposta há cinco décadas, era difícil de comprovar porque o discurso interior é um processo, obviamente, privado, impossível de analisar diretamente. Mas sob a liderança do psicólogo Thomas Whitford, a equipa utilizou eletroencefalografia (EEG) para monitorizar a atividade cerebral e examinar a forma como pessoas com esquizofrenia processam sons internos e externos.

Normalmente, quando uma pessoa fala em voz alta ou apenas mentalmente o cérebro reduz a atividade nas zonas responsáveis por processar sons externos, antecipando o som da própria voz. Mas o estudo de Whitford revelou que, nos indivíduos que sofrem de alucinações auditivas, esse mecanismo de previsão falha. Em vez disso, o cérebro reage ao discurso interior como se este fosse produzido por outra pessoa.

O estudo envolveu 142 participantes divididos em três grupos: pessoas com esquizofrenia que tiveram alucinações recentes, pessoas com esquizofrenia sem alucinações recentes e um grupo de controlo sem histórico da doença. Os participantes ouviram sílabas gravadas (“bah” ou “bih”) enquanto repetiam mentalmente uma dessas mesmas sílabas. As medições de EEG mostraram que aqueles com alucinações recentes apresentavam reações cerebrais significativamente mais fortes quando o discurso interior coincidia com o som ouvido.

Segundo Whitford, esta resposta cerebral anómala pode explicar porque é que as vozes alucinadas parecem tão reais.

As conclusões da investigação publicada esta terça-feira na Schizophrenia Bulletin não só validam uma hipótese de longa data, como também abrem caminho a novos, inovadores benefícios clínicos: identificar marcadores neurológicos precoces de psicose poderá permitir detetar e tratar a esquizofrenia antes de surgirem sintomas graves.


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