Ao ver o estalo, o pai tentou ajudá-lo mas também acabou por ser recebido com socos e pontapés, que fizeram com que caísse de costas nas escadas. Partiu duas costelas, lesionou a lombar e sofreu um trauma na face. Ficou 45 dias de baixa, sem poder trabalhar. Além disso, um dos arguidos agrediu a mãe do primeiro agredido: um estalo na cara “projetou os seus óculos ao chão”. A mulher “ficou muito assustada, em pânico, pois, nunca antes vivenciara um clima de tanta violência“, descreve o acórdão.

Além de adeptos, também jornalistas foram agredidos. Vítor Catão, adepto do FC Porto, foi condenado por cinco crimes de ofensa à integridade física, um crime de ameaça simples, um crime de coação simples, um crime de ameaça agravada e dois crimes de atentado à liberdade de imprensa. Um destes dois últimos crimes visou uma equipa da CMTV. No julgamento, o jornalista Paulo Jorge Duarte relatou que Vítor Catão pediu a adeptos para agredirem os jornalistas e para partir o carro. Além disso, um repórter de imagem também foi ameaçado duas vezes. Da primeira, ouviu: “Ponham-se no c******, saiam daqui que senão vão sair com o carro amassado e com o corpo quente.” Saiu e quando estava a tirar o tripé, um grupo de jovens disse “para eles irem embora, que iria ser pior que Gaza e que iriam chamar alguém”.

A Assembleia-Geral acabaria por ser adiada sem que se procedesse à votação, e muitos sócios abandonaram o local para não serem alvo de agressões.

Um ano depois, quatro exclusões e uma suspensão: Fernando Madureira expulso de sócio do FC Porto

O antigo líder da claque Super Dragões foi condenado por cinco crimes de ofensa à integridade física, um crime de ameaça simples, outro crime de ameaça agravada e um de coacção simples a uma pena de três anos e nove meses de prisão efetiva. Além disso, o coletivo de juízes composto por Ana Virgínia de Castro, António Pinto Fernandes e Ana Pinheiro e Silva decidiu que ficará proibido de aceder a recintos desportivos durante dois anos e seis meses.

A sua mulher, Sandra Madureira, foi condenada por cinco crimes de ofensa à integridade física, um de ameaça simples e um de ameaça agravada, um de coacção simples a uma pena de dois anos e oito meses de pena suspensa, bem como à proibição de aceder a recintos desportivos durante um ano e seis meses.

Entre os 12 arguidos, só dois não foram condenados: Fernando Saul e José Dias. Segundo o tribunal Fernando Madureira, que está em prisão preventiva desde 31 de janeiro de 2024, enviou mensagens a agradecer aos outros arguidos depois dos eventos na Assembleia-Geral. “Os … pensavam que não valiam estouros”, “até se cagam”, “obrigado meus mares”, “somos os maiores”, “amigos”, “quem neo (não) for pelo [Pinto da Costa]” “pode abandonar o barco”.

[Horas depois do crime, a polícia vai encontrar o assassino de Issam Sartawi, o dirigente palestiniano morto no átrio de um hotel de Albufeira. Mas, também vai descobrir que ele não é quem diz ser. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o segundo episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro aqui]