O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse neste sábado que confia num parecer favorável do Tribunal Constitucional depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter enviado a lei de estrangeiros para “fiscalização preventiva de constitucionalidade urgente”, pedindo que os juízes do Palácio Ratton se pronunciem no prazo de 15 dias. Mas, mesmo que tal não aconteça, “o mundo não vai acabar, Portugal não vai acabar” e o “ímpeto” do Governo “de regular a imigração também não vai acabar”.
Em causa está o decreto aprovado no Parlamento e que altera algumas regras da lei que regula a entrada, permanência e afastamento de imigrantes do país. O chefe de Estado apresenta dúvidas constitucionais em relação a sete normas, sobretudo no que diz respeito ao reagrupamento familiar de cidadãos estrangeiros.
Num discurso no 51.º aniversário da Juventude Social-Democrata, em Esmoriz, o primeiro-ministro e presidente do PSD garantiu que o Governo não se vai “deixar intimidar com campanhas mais ou menos acesas daqueles a quem os portugueses não conferiram a representatividade que eles muitas vezes exibem nesses tais comentários”.
Luís Montenegro considerou, em declarações transmitidas pela RTP3, que o envio da lei “para apreciação da sua conformidade constitucional é um procedimento perfeitamente normal”.
“Estou convencido de que o Tribunal Constitucional, apesar de toda esta pressão mediática que parece querer induzir o próprio tribunal a decidir num determinado sentido, vai dar um juízo de conformidade constitucional àquilo que foi aprovado na Assembleia da República”, defendeu o primeiro-ministro.
Por outro lado, ressalvou que, “se isso não acontecer, o mundo não vai acabar, Portugal não vai acabar”, mas “o ímpeto de regular a imigração também não vai acabar”, assegurou Luís Montenegro.
“A agenda é a nossa, para que fique muito claro”
Antes, Luís Montenegro tinha também rejeitado que o Governo esteja a actuar com base em agendas de outros partidos. “Por estes dias, em que se fala tanto, em que se teoriza tanto o que nós estamos a fazer, se é a agenda do A, se é a agenda do B, se é mais para aqui ou mais para acolá: a agenda é a nossa, para que fique muito claro. É a que está no nosso programa eleitoral e no Programa do Governo”, vincou.
Segundo o líder do PSD, essa é a agenda “que interessa à economia portuguesa e é a que interessa também aos valores do humanismo e de dignidade”, dizendo também que “interessa aos imigrantes”, a quem se dirigiu. “A imigração regulada é a pensar, em primeiro lugar, nos próprios imigrantes. É por isso que eu ando na rua e sou muitas vezes abordado com especial entusiasmo, respeito, adesão e apoio por muitos imigrantes”, argumentou Luís Montenegro.
O primeiro-ministro disse que são necessários mais jovens portugueses em Portugal, mas também “mais gente” no mercado de trabalho e na economia.
“Mas não tenham dúvidas: mais regulação, mais regras, consequências para quem não cumpre as regras é aquilo que nos exigem os imigrantes, aqueles que estão cá de boa-fé, com bom espírito e com a sua situação legalizada ou em condições de ser legalizada”, rematou. com Lusa