Pesquisadores alemães identificaram uma possível relação entre o consumo diário de refrigerantes e o transtorno depressivo maior, especialmente em mulheres. O estudo, publicado no periódico médico JAMA, demonstrou que a ingestão de apenas 200ml de bebidas gaseificadas diariamente  pode estar associada a alterações no microbioma intestinal que potencialmente afetam o humor.

A pesquisa analisou como as bebidas gaseificadas podem influenciar a saúde mental através de mudanças na composição bacteriana do intestino. Os cientistas buscaram evidências de que alterações no microbioma intestinal poderiam desencadear ou agravar o transtorno depressivo maior.

Estudos anteriores já haviam encontrado níveis elevados de certas bactérias intestinais em pessoas com depressão. A equipe concentrou sua investigação em dois microrganismos específicos: Eggerthella, associada a doenças inflamatórias intestinais e artrite, e Hungatella, cujos níveis elevados foram apontados como possível causa de câncer intestinal.

Os pesquisadores analisaram amostras de fezes de pacientes diagnosticados com depressão e compararam com um grupo controle sem a condição. Todos os participantes mantiveram um diário registrando seu consumo diário de refrigerantes e seus níveis de depressão, utilizando o BDI-I, uma escala de medição reconhecida que avalia a intensidade de sintomas depressivos em indivíduos com 13 anos ou mais.

O grupo estudado incluiu 405 pacientes entre 18 e 65 anos diagnosticados com depressão, sendo 68% mulheres. A pesquisa foi realizada com participantes alemães, utilizando metodologias estabelecidas para avaliar o consumo de bebidas. Os cientistas compararam os resultados com um grupo controle de 527 pessoas sem transtorno depressivo maior para estabelecer correlações significativas.

O consumo de bebidas gaseificadas foi avaliado através de um questionário alemão validado de frequência alimentar semiquantitativa com 101 itens (FFQ2), desenvolvido como parte da Investigação Europeia Prospectiva sobre Câncer e Nutrição.

Para bebidas como limonada e Coca-Cola, a frequência de consumo de 200ml foi avaliada usando uma escala que variava de “nunca” a “11 vezes por dia”. Os resultados mostraram que o maior consumo de refrigerantes estava associado a maior gravidade dos sintomas em participantes do sexo feminino, além de maior abundância da bactéria Eggerthella. O mesmo padrão não foi observado nos participantes do sexo masculino.

A autora principal do estudo, Sharmili Edwin Thanarajah, escreveu que o sexo tem um impacto no microbioma intestinal do corpo, e é por isso que as mulheres são mais afetadas pelo consumo de refrigerantes — mesmo que os dados tenham revelado que os homens bebem mais dessas bebidas. Os pesquisadores concluíram que “o consumo de refrigerantes pode contribuir para o transtorno depressivo maior através de alterações na microbiota intestinal, notadamente envolvendo Eggerthella, descrevendo os refrigerantes como um “fator de risco amplamente distribuído, mas totalmente evitável”.