Quase três horas depois e por mensagem, Vítor foi chamado até a um parque de estacionamento. Se não aparecesse, iam buscá-lo a casa, prometia o traficante. “Vais meter estes três gajos dentro da mala da tua carrinha e vais entrar com eles”, ordenou. “Depois vais indicar-lhes onde está o contentor e vais esperar por eles.”

Faltavam cinco minutos para as quatro da manhã quando Vítor entrou novamente no porto de Leixões. No porta-bagagens, levava os três homens, mas alegou que só vinha buscar o telemóvel de que se tinha esquecido.

Ao pé do contentor, os três homens saíram do carro e voltaram com três sacos cheios de cocaína. Mais uma vez, Vítor entrou em pânico e fugiu. Para trás, ficaram os três homens, que acabaram surpreendidos por seguranças do porto. Restou-lhes saltar a vedação — o que conseguiram fazer — e deixar para trás um dos sacos, onde estavam 25 embalagens de cocaína. As imagens acabaram captadas pelas câmaras de videovigilância.

Analisada a droga, apurou-se que tinha um grau de pureza entre 94,1% e 98,2%, e era suficiente para pelo menos 119.156 doses.

O Tribunal de Matosinhos condenou Vítor no início de outubro pelo crime de tráfico de estupefacientes a três anos de prisão efetiva, pena atenuada por ter denunciado o homem que o convenceu, numa decisão que ainda não transitou em julgado. Desde dezembro de 2024 que se encontrava em prisão preventiva.