“Tenho boa impressão da magistrada, tanto no trato com todos como na questão formal”, explica outro advogado que já ‘enfrentou’ a juíza. Sem entrar em comparações com Catarina Pires — a magistrada que iria assumir o julgamento, não fosse a colocação em Loures, e que com o caso de Cláudia Simões ganhou maior exposição mediática —, um juiz diz que Ana Sequeira é “bastante tranquila”, tanto dentro das salas de audiência como fora delas.
No entanto, sob anonimato, há quem trace diferenças óbvias entre a juíza Catarina Pires e a magistrada que a substitui, apontando a segunda como “mais tranquila”. A juíza mais experiente acumula um historial mais recheado de casos mediáticos, com o mais recente a ser mesmo esse caso que envolveu Cláudia Simões e agentes da PSP — no qual a sua decisão, em Sintra, acabou parcialmente revertida pelo Tribunal da Relação. Catarina Pires tinha absolvido o agente da PSP de agressões à passageira de um autocarro.
“Consideramos esta decisão não apenas justa, mas histórica. É um sinal claro de que a violência policial não fica impune. É, sobretudo, uma vitória para Cláudia Simões mas, também, uma mensagem para todas as vítimas de violência policial de que podem confiar nos nossos tribunais”, defenderam as advogadas de Cláudia Simões, Leonor Caldeira e Luísa Teixeira da Mota, depois da reversão parcial que culminou na condenação do agente da PSP, por cúmulo jurídico, numa pena suspensa de cinco anos.
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Sobre o caso que vai esta semana a tribunal, outro advogado com experiência na área criminal remata: “Não acredito que este seja daqueles casos que exige grande preparação prévia”, comparando com casos “económicos”, em que há “matéria mais densa e muito técnica”. “O que interessa é estar atento, ouvir a prova e depois decidir — que é o mais difícil”.